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PortuguêsInterpretação de textos


EXERCÍCIOS - Exercício 351

  • (FCC 2018)

Atenção : A questão refere-se ao texto a seguir, que trata da direção da economia brasileira no Segundo Reinado.
Entre 1808, com a abertura dos portos, e 1850, no auge da centralização imperial, modificara-se a pacata, fechada e obsoleta sociedade. O país europeizava-se, para escândalo de muitos, iniciando um período de progresso rápido, progresso conscientemente provocado, sob moldes ingleses. O vestuário, a alimentação, a mobília mostram, no ingênuo deslumbramento, a subversão dos hábitos lusos, vagarosamente rompidos com os valores culturais que a presença europeia infiltrava, juntamente com as mercadorias importadas. O contato litorâneo das duas culturas, uma dominante já no período final da segregação colonial, articula-se no ajustamento das economias.
Ao Estado, a realidade mais ativa da estrutura social, coube o papel de intermediar o impacto estrangeiro, reduzindo-o à temperatura e à velocidade nativas. A engrenagem de acomodação e amortecimento poderia e deveria, se homogêneas as economias e coerentes as concepções sobre estas, ser a obra dos comerciantes estrangeiros, nas filiais brasileiras ligadas à metrópole. Poderiam esses quistos comerciais, ainda, submeter a política financeira aos seus interesses, segundo o velho padrão colonial, que viriam substituir sem mudar a substância do vínculo.
Na verdade, evitada a prematura bravata nacionalista, diga-se, desde logo, que a dependência da economia brasileira é inegável, mas não será, entretanto, uma dependência colonial, nem se afirmará no prolongamento da atividade metropolitana, passivamente aceita. Será uma dependência por via do Estado, sob a vigilância, desconfiada muitas vezes, entusiástica outras, de uma camada social, apta a participar das vantagens do intercâmbio, preocupada, não raro, em desviar-lhe o rumo submisso. A manipulação legal e financeira apressa ou retarda a integração, enquanto nas ruas o sentimento nativista, antiluso nas suas origens, ressente-se do invasor europeu, no qual identifica a arrogância colonialista.
O núcleo diretor da intermediação situa-se na estrutura financeira do país. Sua fraqueza, bem como seus episódicos impulsos, dão a tonalidade à necessária passagem da maré estrangeira por um filtro nacional. O Tesouro, ao tempo que reflete a realidade econômica, a ordena e a dirige, na ânsia, depois de 1850 acentuada, de erguer o país do marasmo, de adequá-lo ao mundo moderno e de impor-lhe maior ritmo de progresso. Ele expressa, no contexto do aparelhamento estatal, a face da dependência e, na preocupação de desenvolvimento, a fisionomia larvarmente autonomista.
(FAORO, Raymundo. Estado dependente, sob a orientação do Tesouro. Os donos do poder : formação do patronato político brasileiro. v. 2, 10. ed. São Paulo: Globo; Publifolha, 2000. Grandes nomes do pensamento brasileiro. p. 3 e 4)

O texto legitima a seguinte inferência:


A) A despeito de formas de governo monárquico, como as que têm como chefe um imperador ou imperatriz, serem centralizadoras, elas efetivamente impulsionam avanços significativos em vários setores da sociedade.

B) Processos de importação de conceitos e hábitos violam sentimentos, crenças e convenções morais, sociais ou religiosas já estabelecidas, do que decorre o estado de perplexidade daqueles que estão submetidos a esse percurso.

C) Quando nações se comunicam por meio de mercadorias que importam e exportam acabam por adaptar seus distintos interesses e expectativas, harmonização que torna impraticável a supremacia de uma delas, a não ser em breve período inicial do contato.

D) O padrão relativamente constante de disposições morais, afetivas, comportamentais e intelectivas de um indivíduo é suscetível de subversão pelo contato direto com pessoas de outra cultura, ou mesmo indireto, por meio daquilo em que estas se expressam.

E) A integração entre dois povos implica impactos, acomodações, manipulações legais e financeiras, condições que impõem ao Estado a gerência da incorporação, pois é ele a via que impede intromissões indevidas e desvios do projeto financeiro do país.


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