PortuguêsInterpretação de textos
- (MPE-GO 2018)
Utilize o texto a seguir para a resolução da questão.
A OUTRA NOITE
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva,
tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até
Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de
Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima,
enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para
voltar-se para mim:
– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar
lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra -
pura, perfeita e linda.
– Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois
continuou guiando mais lentamente . Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava
em outra coisa .
– Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito
obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes , como se eu lhe tivesse feito um
presente de rei.
(Rubem Braga, Ai, Copacabana, disponível em
http://biscoitocafeenovela.blogspot.com.br/2014/09/sessao-leitura-outra-noite-rubembraga.html.
Acesso em 14/01/2018)
É possível inferir corretamente do texto apresentado que a fala do autor despertou no motorista de táxi uma reação que pode ser tida como:
A) Pessimista e triste, o que pode ser depreendido da redução da velocidade com que conduzia o veículo.
B) Indiferente a ponto de representar uma incógnita para o autor, que não conseguia decifrar se “pensava em outra coisa”.
C) Reflexiva e sonhadora, o que é demonstrado, dentre outros elementos, pela conclusão do texto: “como se eu lhe tivesse feito um presente de rei”.
D) Cética, já que “chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado”, o que demonstra a falta credibilidade em relação às palavras do autor.
E) Sarcástica, que é extraída da sua fala: “– Mas, que coisa...” e evidenciada pelo uso das reticências.
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