PortuguêsInterpretação de textos
- (FCC 2018)
Amor-próprio
O grande cronista Rubem Braga cunha uma frase definitiva a respeito do “amor-próprio”: “Se eu conhecesse outro sujeito igual a mim, nossas relações nunca chegariam a ser grande coisa.” Isto não quer dizer, porém, que não goste de si mesmo. Significa apenas que ele é um homem que põe, sem medos tolos, a diversidade e a surpresa em primeiro lugar. O que mais o atrai na vida é, justamente, a imprevisibilidade. O amor-próprio lhe parece, então, monótono e desnecessário. Quase um vício. Ele evita essas pessoas saudáveis e resolvidas que estão sempre cuidando de si. O cuidado de si, para Braga, é uma forma de mascaramento.
O amor-próprio de Braga se revela no uso que faz da crônica. Em suas mãos, ela é, antes de tudo, uma máquina de confessar. Praticando-a, o cronista expõe as impressões, experiências e sentimentos que o atormentam; ao escrever, enxágua a alma até a mais absoluta transparência.
(CASTELLO, José. Na cobertura de Rubem Braga . Rio de Janeiro: José Olympio, 1996, p. 56-57)
Segundo o texto, a convicção de que o cuidado de si, para Braga, é uma forma de mascaramento
A) reflete-se em suas crônicas como uma espécie de obsessão confessional, que acaba predominando nelas.
B) faz desse cronista um indivíduo que acusa em si mesmo a máscara do amor-próprio com a qual se protege.
C) sobreleva em suas crônicas o exorcismo de suas qualidades pessoais, por temor ao excesso de amor-próprio.
D) demonstra que o cronista não se ilude com as confissões, ditadas que são pelo nosso interesse de nos mostrarmos sentimentais.
E) traduz-se como uma linguagem que tem plena consciência de seu artifício, acusando em si mesma as falsas confissões.
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