PortuguêsInterpretação de textos
- (FCC 2018)
Usos da razão
A imaginação, o que dizer a respeito dela? Meus livros estão aí para provar que eu a tenho. Mas é uma imaginação que está sempre a serviço da razão.
Ou melhor: que aceita a prevalência da razão. Posso formular assim: a imaginação é o ponto de partida, mas o caminho a partir daí pertence à razão.
Somos nós que nos afirmamos, por oposição ao comportamento dos animais, seres dotados de razão; por isso, não posso aceitar (e aí entra uma questão ética) que a razão seja usada contra a razão. Nesse sentido, uma razão que não é conservadora da vida, uma razão que não defende a vida, uma razão que (pondo a coisa num terreno mais prático, mais imediato) não se orienta para dignificar a vida humana, para respeitá-la, muito simplesmente para alimentar o corpo, para defender da doença, para defender de tudo o que há de negativo e que nos cerca, e que desgraçadamente é também produto da razão, é uma razão de que se faz um mau uso.
Se o homem é um ser racional e usa a razão contra si mesmo – um contra si mesmo representado pelos seus semelhantes −, então de que é que serve a razão? Se ela não serve à ética, ela se transforma numa arma destrutiva .
(SARAMAGO, José. As palavras de Saramago . São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 134/135)
Considerando-se o sentido do contexto, no segmento tudo o que há de negativo e que nos cerca, e que desgraçadamente é também produto da razão(2° parágrafo), admite-se que
A) tudo o que há de negativo ocorre pelo fato de se negar algum uso deliberado da própria razão.
B) o homem, lamentavelmente, sabe e pode empregar a razão para muito além de algum sentido positivo.
C) em certas práticas podemos nos valer da razão para dar um sentido positivo àquilo que parece ser negativo.
D) a humanidade tem, infelizmente, o poder de outorgar à ética a condução decisiva de práticas negativas.
E) o que nos limita negativamente é a incapacidade de produzir com a razão algo que seja irracional.
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