PortuguêsInterpretação de textos
- (UFMG 2018)
A questão abaixo refere-se ao Texto 1, a seguir. Leia-o com atenção, antes de respondê-las.
TEXTO 1
Os porquinhos vão à praia
Era lixo só. No domingo de Natal, ninguém se atrevia a ir à praia em Ipanema e Leblon, os bairros
da elite carioca. É o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, porém o que sobra em dinheiro falta
em educação. Todo mundo culpou a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). Que direito
tem a prefeitura de expor nossa falta de respeito com o espaço público?
É verdade que houve uma falha operacional. Os garis do sábado à noite teriam que dar mais duro
para compensar a redução da equipe da Comlurb no domingo. A praia mais sofisticada da cidade, que
vai do canto do Arpoador até o fim do Leblon, amanheceu com 25 toneladas de lixo espalhadas, um
espetáculo nojento. Cocos são o maior detrito: 20 mil por dia. Mas tem muita embalagem de biscoito
e de sorvete. As criancinhas imitam os pais que deixam nas areias latas de cerveja, copos de mate,
garrafinhas de água, espetos de queijo coalho, canudos de plástico. É o porco pai, a porca mãe e a
prole de porquinhos.
Adorei o atraso da Comlurb por seu papel didático. Quem andou no calçadão dominical e olhou
aquela imundície pode ter pensado, caso tenha consciência: e se cada um cuidasse de seu próprio
lixo como pessoas civilizadas? O Rio está cheio de farofeiro. De fora e de dentro. De todas as classes
sociais. Gente que ainda não aprendeu que pode carregar seu próprio saquinho de lixo na praia. A areia
que sujamos hoje será ocupada amanhã por nós mesmos, nossas crianças ou os bebês dos outros.
Falo do Rio, mas o alerta serve para o Brasil inteiro neste verão. Temos um litoral paradisíaco. Por que
maltratar as praias? [...]
Menos lixo no espaço público significa economia para o contribuinte e trabalho menos penoso para
os garis. A multa no Rio, hoje, para quem joga lixo na rua é de R$ 146, mas jamais alguém foi multado.
Os guardas municipais raramente abordam os sujismundos e preferem tentar educar, explicar que não
é legal. [...]
Os porquinhos adoram um argumento: não haveria cestas de lixo suficientes. Na orla, as 1.400
caçambas não dariam para o lixo do verão. A partir de fevereiro, as caçambas dobrarão de volume, de
120 litros para 240 litros. E nunca serão suficientes. Porque o que conta é educação e cultura. Ou você
se sente incapaz de jogar qualquer coisa no chão e anda com o papel melado de bala até encontrar
uma lixeira, ou você joga mesmo, sem culpa nem perdão. O outro argumento é igual ao dos políticos
corruptos: todo mundo rouba, por que não eu? Pois é, todo mundo suja, a areia já está coalhada de
palitinhos, plásticos e cocos, que diferença eu vou fazer? Toda a diferença do mundo. O valor de cada
um ninguém tira.
Em alta temporada, 200 garis recolhem, de 56 quilômetros de praias no Rio, 70 toneladas de lixo
aos sábados e 120 toneladas de lixo aos domingos. A praia com mais lixo é a da Barra da Tijuca. Em
seguida, Copacabana. Tenham santa paciência. Quando vejo aquela família que leva da praia suas
barracas, cadeirinhas e bolsas, mas deixa na areia um rastro de lixo, dá vontade de perguntar: na sua
casa também é assim? [...]
Que tal ser um cidadão melhor e menos porquinho nos próximos anos?
AQUINO,Ruth de.Mente Aberta. Época . Rio de Janeiro: Editora Globo, 29 dez.2011. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Mente-aberta/ruth-de-aquino/noticia/2011/12/os-porquinhos-vao-praia.html> .
Acesso em 8 fev. 2018. [Fragmento adaptado].
São recursos empregados pela autora na construção da argumentação textual, EXCETO:
A) Antecipação de argumentos alheios e a justificativa de que não haveria cestas de lixo suficientes para acomodar os detritos jogados pelos “porquinhos”.
B) Decisão de se colocar no lugar de quem deixa lixo na praia, ao levantar alegações possíveis dessas pessoas para justificar esse comportamento.
C) Defesa de que, considerando os dados relativos às toneladas de lixo recolhido no Rio, a solução seria o aumento do número e do volume de caçambas.
D) Alegação de que as pessoas poderiam fazer muita diferença se recolhessem seu próprio lixo assim como o fazem com os pertences que levam à praia.
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