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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (5)


EXERCÍCIOS - Exercício 293

  • (NUCEPE 2015)

TEXTO III

NADA VALE A PENA - A ESCRITA E O IMPOSSÍVEL

Apenas

Utilizada pelas principais culturas antigas para desenhar e escrever, a pena se transmuta no universo do discurso. Parte destacada de um organismo vivo, ela se torna um instrumento que não interessa a não ser pelas marcas que imprime sobre uma superfície, que aguarda esse ato.

A pena também se transmuta em dor, pois pode assumir o significado de castigo e sofrimento. Forma de pagamento imposto devido à violação de uma lei, ela se torna uma saída através do martírio de um para se haver com o Outro. Dá pena, mas também vale a pena, pois ganha valor no pagamento de uma dívida.

Por derivação, encontramos outra acepção corrente do significante "pena", na língua portuguesa. Trata-se de um sentido figurado, que remete a um modo pessoal, singular de realizar ou executar algo, por exemplo: o estilo de escrita de um dado autor, sua unicidade. Trata-se de algo que se repete, sempre o mesmo.

É surpreendente descobrir que estilo é também antônimo de confusão ou seja, da ação de juntar, reunir, misturar (Houaiss, 2001). Nesse caso, na separação, estamos diante de outra saída para a dívida, embora não sem dor, como testemunham escritores fingi(dores) das dores que de fato sentem.

Da pena, chegamos à escrita, cuja etimologia remete ao latim scribère , que significa marcar com estilo, cujo diminutivo é estilete (id. ibid.). Trata-se de um ferro pontudo utilizado para  escrever nas tábuas enceradas e nos blocos de argila nos primórdios da escrita, ou seja, um antecessor da pena.

O retorno do estilo, na pena e na escrita, é algo a ser notado. Marca pessoal de alguém ou marca escrita sobre uma superfície, o estilo é tanto aquilo que escreve, quanto está sempre no escrito. Nesse sentido, algo se repete no escrito e, ao mesmo tempo, separa, singulariza, desconfunde.

Há penas...

(CARREIRA, Alessandra Fernandes. Nada Vale a Pena - a Escrita e o Impossível . In. Leda Verdiani Tfouni (org.) Campinas, SP: Mercado de Letras, 2010, p. 17-18).


De maneira mais completa, a expressão: " NADA VALE A PENA", integrante do título do texto, aliada à leitura desse texto tenciona ressaltar


A) a importância e o valor social e histórico do objeto e a diversidade semântica conferida à palavra em questão.

B) a história do objeto "pena" sem grandes destaques para o seu sentido, nas civilizações modernas.

C) a multiplicidade de características encontradas numa pena enquanto objeto que serve para escrever.

D) as semelhanças existentes, na prática, entre os sentidos da palavra "pena".

E) a importância utilitária do objeto em questão.


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