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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto


EXERCÍCIOS - Exercício 140

  • (FCC 2018)

A exemplo de toda a Europa, que viveu no Humanismo Renascentista um renovado interesse pelos textos clássicos – com ênfase na retórica, principalmente nas obras de Aristóteles, Cícero e Quintiliano –, também no Brasil, por influência de Portugal, a retórica foi muito difundida. Chegou aqui pelas mãos dos padres jesuítas, que vieram em 1549 e aqui permaneceram até 1759, ou seja, por 210 anos. Essa retórica aqui chegada, a mesma praticada à época em toda a Europa, caracteriza-se pelo que se costuma chamar de “ciceronianismo jesuítico”: os jesuítas confiam no poder da palavra, considerada um prolongamento da palavra divina.

Um importante testemunho do tipo de retórica trazida ao Brasil pelos jesuítas é o Sermão da Sexagésima, do Padre Antônio Vieira, em que o jesuíta defende que não se conseguem bons frutos com a palavra de Deus porque o pregador não sabe pregar, ou seja, não domina as estratégias da persuasão retórica. Nessa homilia, Vieira apresenta uma verdadeira aula de retórica:

“Há de tomar o pregador uma só matéria; há de defini-la, para que se conheça; há de dividi-la, para que se distinga; há de prová-la com a Escritura; há de declará-la com a razão; há de confirmá-la com o exemplo; há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer as dificuldades; há de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários; e depois disto há de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar. Isto é sermão, isto é pregar; e o que não é isto, é falar de mais alto .”

(Adaptado de: MENDES, E. A. de M. “A retórica no Brasil: Um pouco da história”, Revista Latinoamericana de Retórica , mar. 2013, v. 1, n. 1, pp. 43-57)


Dentre os preceitos retóricos elencados por Vieira no 3° parágrafo, é correto afirmar:


A) Recomendações como “há de prová-la com a Escritura; há de declará-la com a razão” são sintomáticas do antagonismo característico dos discursos de Vieira, compostos em um contexto barroco.

B) Ao dizer que há de amplificar a matéria “com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias”, Vieira refere-se a questões que, por parte do público, não teriam por si só o respaldo necessário.

C) Com “há de dividi-la, para que se distinga”, embora abra precedente contrário ao primeiro preceito, pois trata de matéria compósita, dividi-la permite que o enunciador se dedique apenas ao que importa para o convencimento da audiência.

D) Embora as três primeiras recomendações se relacionem diretamente com a clareza do discurso, o orador há de saber calar o que não convém que seja exposto, como está dito em “com os inconvenientes que se devem evitar”.

E) O primeiro deles, “Há de tomar o pregador uma só matéria”, refere-se à unidade do texto, de início, meio e fim com base na unidade do assunto abordado.


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