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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (14)


EXERCÍCIOS - Exercício 87

  • (VUNESP 2019)

Leia a crônica para responder à questão.

Jogar-se à vida

Uma velha amiga minha de São Paulo – nem tão velha assim, e muito bonita – me diz que seu filho, de 39 anos, mora com ela. Não é que “ainda” more com ela. Ele apenas mora, desde o dia em que nasceu, e não há indícios de que esteja planejando se emancipar e morar sozinho. A mãe, a essa altura, já desistiu de fazê-lo desconfiar de que ela, sim, gostaria de espaço e privacidade para viver sua própria vida.

Ao ouvir isso, levei um susto. Aos 39 anos, eu já tinha saído não só da casa de meus pais como de dois casamentos, e morado em dez endereços de quatro cidades em dois continentes. Era só no que os garotos da minha geração pensavam – jogar-se à vida, longe da saia materna ou da mesada paterna. Supunha-se que, enquanto se morasse com a família, estava-se dispensado de ser adulto.

Um desses endereços, em 1967, foi o Solar da Fossa, um casarão colonial em Botafogo, perto do túnel Novo. Nele tinham ido parar rapazes e moças de fora e de dentro do Rio, todos em busca de liberdade para criar, trabalhar, namorar ou não fazer nada, enfim, viver. Ali, um dos moradores, Caetano Veloso, compôs “Alegria, Alegria”; outro, Paulinho da Viola, “Sinal Fechado”. Grupos como o Momento 4 e o Sá, Rodrix & Guarabyra se formaram em seus quartos.

Três de nossas lindas vizinhas estrelaram nas páginas de revistas: Betty Faria, Ítala Nandi e Tania Scher. Paulo Leminsky escrevia seu romance “Catatau”. O pessoal do Teatro Jovem, que estava revolucionando o teatro brasileiro, morava lá, assim como metade do elenco da peça “Roda Viva”, em ensaio no outro lado do túnel. Os namoros eram a mil. Até o autor francês Jean Genet, de passagem pelo Solar, viveu ali uma aventura amorosa.

Se aquela turma morasse com a mãe, nada disso teria acontecido.

(Ruy Castro. Folha de S.Paulo . Adaptado)

Leia a resenha do livro Solar da Fossa , escrito por Toninho Vaz, para responder à questão.

Misto de pensão e apart-hotel da zona sul carioca, o lendário Solar da Fossa serviu, entre 1964 e 1971, de moradia e ponto de encontro para jovens artistas e intelectuais oriundos de diversos cantos do país.

Estes o procuravam não só pelo aluguel acessível, mas também pela considerável liberdade que desfrutavam ali, em pleno regime militar. Paulinho da Viola, Gal Costa, Tim Maia, Ítala Nandi e Paulo Leminski estão entre as dezenas de personagens do livro, cuja narrativa transita pelos 85 apartamentos, revelando detalhes do cotidiano dos moradores, inconfidências e causos divertidos, além de traçar um painel cultural da época.

(Carlos Calado. Guia Folha . Adaptado)


Comparando os textos a respeito do Solar da Fossa, é correto afirmar que ambos


A) apresentam informações históricas; porém, na crônica, diferentemente da resenha, o autor é mais subjetivo no relato dos fatos.

B) expõem informações precisas sobre os anos 70; porém a crônica faz críticas à experiência no Solar da Fossa, ao passo que a resenha se limita a elogios.

C) estão escritos em linguagem coloquial e retratam o período de moradia compartilhado entre os autores da crônica e da resenha e artistas hoje famosos.

D) se opõem à demolição desse local histórico do Rio de Janeiro e comentam as aventuras dos jovens que ali residiram na década de 60.

E) empregam predominantemente expressões em sentido figurado; porém a resenha, diferentemente da crônica, objetiva promover o livro.


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