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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (12)


EXERCÍCIOS - Exercício 475

  • (INSTITUTO AOCP 2019)

Sinais da velhice
Quando a moça dá lugar no ônibus
Juremir Machado da Silva
Ando de ônibus. É o meu meio de transporte favorito. Aprendo nas viagens. Leio. Não preciso de tecnologia para encontrar um ônibus que me leve ao destino. Tenho falado muito do tempo que passa e me torna idoso. Escrevi, no passado, sobre a crise dos 40. Hoje, trato da chegada dos 60. Os sinais da velhice são claros. Outrora, quando jovem, eu não usava palavras como outrora. Depois, alunas passaram a me chamar de “senhor” e de “seu Juremir”. No ônibus, começaram a levantar para me dar o lugar”. Meninos também. Agora, ficou pior.
Conto a história. Eu estava em pé no ônibus. Sem aperto. Confortável. A menina viu e levantou-se. Cavalheirescamente eu fiz sinal com a mão de que ela podia continuar sentada. Não deu certo. Ela insistiu. Nada podia detêla. Estava determinada a me ceder o lugar. Um furacão. Tentei demovê-la com elegância. Não queria falar para não demonstrar ressentimento ou humilhação. [...]
Eu já gritava interiormente: “Não quero esse lugar de maneira alguma”. A menina não se intimidava. Ela estava certa de cumprir o seu dever moral. Ceder o lugar para o velhinho. Rebatia: “Aceite a sua condição, reconheça a sua idade, cumpra o seu dever: sente-se”. Temi que começássemos a falar em voz alta. Era um confronto de gerações. Por um momento, refleti: por que essa situação me incomoda tanto? Não respondi. A menina já estava no corredor. O lugar vago se oferecia. A moça, sentada ao lado, continuava com as pernas no corredor abrindo passagem para a minha instalação no banco da janela. Eu me recusava a capitular. A plateia aguardava ansiosamente o desfecho. Qual seria?
Por alguns minutos, ficamos os dois em pé, a menina e eu, sem nos olharmos. Foi um longo breve momento de tensão. [...]
O acaso entrou em campo para resolver o impasse. Alguém se levantou noutro lugar para descer. Corri para o novo banco disponível. Era uma questão de honra. Fui salvo pela sorte.
A menina ficou em pé. Não voltou para o seu lugar. O banco permaneceu vazio até que uma jovem senhora o ocupou. O tempo passou. Meus cabelos brancos me denunciam. O menino que eu sinto dentro de mim já não convence. Visto de fora, sou um velho. Preciso urgentemente me acostumar com essa ideia. O tempo de viajar em pé no ônibus passou para mim. Salvo em casos de falta de educação. O meu problema, porém, é o contrário.
Adaptado de: : <https://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/
cr%C3%B4nica-sinais-da-velhice-1.343355>.. Acesso em: 24 jun. 2019.

Considerando a interpretação do texto, assinale a alternativa correta.


A) Durante a vida do narrador, ele nunca sentiu dificuldades em aceitar sua idade, exceto com a chegada dos 60 anos.


B) É possível afirmar que os meninos não costumam ceder o lugar no ônibus para pessoas idosas.


C) As pessoas nos ônibus esperam que os mais jovens não cedam seus lugares no ônibus. Quando isso acontece, surpreende a todos.


D) Para o narrador, aceitar o lugar da menina do ônibus seria assumir a velhice e isso o incomodou a ponto de discutir em voz alta com ela.


E) O narrador se sentou quando outro banco vagou a fim de demonstrar que não cederia à gentileza da menina que ofereceu seu lugar, pois ceder seria uma forma de assumir a velhice, algo que tanto o incomoda.



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