PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (12)
- (FUNDEP (Gestão de Concursos) 2019)
“[...]
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia
bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.”
(Evocação do Recife – Manuel Bandeira). Disponível em:
<https://www.escritas.org/pt/t/9074/evocacao-do-recife>.
Acesso em: 1º ago. 2019.
Sobre as reflexões de Manuel Bandeira a respeito dos usos da língua portuguesa, assinale a alternativa incorreta.
A) Os versos “Dez ovos por uma pataca” remetem aos pregões que o eu lírico ouvia nas ruas de sua cidade, portanto representam uma variação informal do português.
B) Quando se refere à “língua errada do povo”, o eu lírico utiliza ironia e investe contra a noção da existência de uma língua certa e uma língua errada.
C) Em “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros / Vinha da boca do povo”, é estabelecida uma divisão entre a linguagem escrita (formal) e a linguagem oral (informal).
D) Em “Ao passo que nós / O que fazemos / É macaquear / A sintaxe lusíada”, o eu lírico relembra as origens da língua e aponta a incapacidade do falante brasileiro de utilizar a sintaxe corretamente.
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