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PortuguêsInterpretação de textos (2)


EXERCÍCIOS - Exercício 323

  • (IFB 2017)

A questão terá como base o texto seguinte:

ESSES TEXTOS

O texto primeiro existe

só, como ponto.

Se transforma depois em linha

com sua própria força

de deslocação,

sua velocidade própria.

Depois,

o leitor institui

outra linha, lendo.

O leitor constitui

um feixe de linhas cruzadas

organizando os textos.

No percurso do texto

e no trânsito da leitura,

as linhas se chocam,

se repudiam, se perdem,

correm paralelas

e podem se amar.

Depois, saber fazer

retorná-las a ponto.

(Mas o importante é o leitor. Você.)

É preciso ter calma.

Saber ir abotoando

os elementos vários

à espera do clique

de colchete.

Quando dois ou mais

se engatam,

fecha-se um sentido

único e exclusivo.

Mas que você pode emprestar

a alguém,

desde que o diga

(Não tenha medo da alta-velocidade.

Não tenha receio de dar marcha à ré.)

É preciso ter pressa.

Saber ir desabotoando

os colchetes de sentido

como quem quer tirar

camisa usada e suada

de dia de trabalho.

Cada camisa,

depois de surrada,

é fonte

de novo esforço.

Ou então vira

camisa-de-força.

É preciso saber vestir

o texto,

como tatuagem na própria

pele.

É preciso saber tatuar

o texto,

como sulcos feitos

na bruta realidade.

O duplo estilete

do texto e da leitura,

do autor e do leitor.

A dupla tatuagem

contra o próprio corpo

e a realidade bruta.

A tatuagem que se imprime

para poder forçar

a barra.

A tatuagem que o corpo,

depois de violado

tatua. Violentando.

(SANTIAGO, Silviano, Crescendo durante a guerra numa província ultramarina . Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.)


No tocante à interpretação de “Esses textos”, está CORRETOafirmar:


A) A função do leitor é primordial para o texto existir, segundo está enunciado no poema desde a primeira estrofe.

B) Há um certo didatismo sobre o tema “leitura”, no discurso poético de Silviano Santiago nesse texto em questão, pois o leitor deveria respeitar aquilo que o próprio texto indica para sua leitura.

C) Na afirmação “(Mas o importante é o leitor. / Você.)”, está dito que o leitor pode fazer a leitura do jeito que quiser, porque essa liberdade de interpretação cabe simplesmente a ele. Isso quer dizer que o texto literário não tem um fio condutor, conforme é explicado, a seguir, quando o poeta fala em “abotoar/desabotoar” o texto.

D) Pela leitura dos versos que falam sobre os cliques de colchete, “Quando dois ou mais / se engatam, / fecha-se um sentido / único e exclusivo.”, isso significa que a explicação, no poema, prima pelo sentido literal próprio de todos os tipos de textos.

E) O sentido contextual de “Cada camisa, / depois de surrada, / é fonte / de novo esforço.” refere-se, somente, ao esforço do autor, na construção de um texto poético.


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