PortuguêsInterpretação de textos
- (CESPE 2017)
Texto 10A2BBB
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
fui honrado pastor da tua aldeia;
vestia finas lãs e tinha sempre
a minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
nem tenho a que me encoste um só cajado.
Para ter que te dar, é que eu queria
de mor rebanho ainda ser o dono;
prezava o teu semblante, os teus cabelos
ainda muito mais que um grande trono.
Agora que te oferte já não vejo,
além de um puro amor, de um são desejo.
Se o rio levantado me causava,
levando a sementeira, prejuízo,
eu alegre ficava, apenas via
na tua breve boca um ar de riso.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
de ver-te ao menos compassivo o rosto.
Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu . In : A. Candido e A. Castello. Presença da literatura brasileira . Das origens ao Romantismo . São Paulo: Difel, 1976, p. 165-6.
As três estrofes que compõem o texto 10A2BBB são construídas a partir de uma mesma estrutura: seis versos, dos quais os quatro primeiros apresentam uma situação que é completamente invertida nos dois versos finais de cada estrofe. O elemento literário que demarca os dois momentos contrapostos da vida do eu lírico é
A) o espaço, que é urbano e refinado nos primeiros versos e se converte em rústico nos versos finais.
B) a configuração da personagem Marília, que era inicialmente alegre e compassiva, mas, ao final, se torna triste e impiedosa.
C) a constituição do eu lírico, que, nos versos iniciais, se denomina pobre, mas honrado, e passa a se revelar rico, porém infeliz, nos dísticos finais.
D) a mudança do foco narrativo da primeira para a terceira pessoa, o que transforma em distanciamento a aproximação inicial do leitor com o texto.
E) o tempo, que distingue a condição favorável do passado da situação desfavorável do presente.
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