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EXERCÍCIOS - Exercício 224

  • (VUNESP 2018)

Leia a crônica de Ivan Angelo, para responder à questão.

Alguns fracassos

Em comparação com meus fracassos, não posso dizer como no poema de Fernando Pessoa que “todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”, ou que “toda a gente que eu conheço (...) nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida”, mas tenho minhas incompetências. Jamais consegui fazer certas coisas que contam para o convívio social, coisas que vejo tantos fazerem com facilidade e até alguma graça.

Hoje não ligo para essas minhas incompetências, mas houve tempo em que me doíam; não, não, apenas me diminuíam, intimidavam, vá lá, humilhavam. Quando se é jovem e se disputam atenções, essas coisas contam. Vou falar de apenas cinco.

Dançar. Em pista de dança, nunca consegui manter o interesse de uma garota por mais de três minutos, o tempo de uma música. O normal, numa festa, era eu ficar ali no banco de reservas, vendo a bela me escapar em volteios e volutas volutuosas com um pé de valsa. Abandonei esse palco de derrotas e resolvi tentar seduções em papos de botecos, aí com alguma vantagem.

Nadar, outro fracasso. Se a gente não começa criancinha, é difícil pegar o jeito. Sem piscina, rio ou mar, onde bater pernas e braços, em zoeira de tentativa e erro? Adulto inepto, mas não medroso, fui quase um afogado no Leblon, em Cabo Frio, na cachoeira de Iporanga...

Bicicleta é igual: ou você a domina quando criança ou será um ciclista inseguro a vida toda. De pequeno, não tive sequer um velocípede, e me consola pensar que isso explica tudo. Minhas filhas tentaram dar um jeito nisso, quando eu já era um senhor de 55 anos, e, lógico, o resultado foi ridículo. Só pedalo em campo aberto, sem ter por perto humanos, bicho de quatro patas ou outro engenho sobre rodas.

Cantar, nem em coro. Não emendo duas notas no mesmo tom. A falha se estende à música em geral: não toco, não batuco, não danço. Isso é bom? Não, mas fazer o quê?

A quinta é mais uma leve inveja, não faz falta para o convívio, mas poderia dar brilho a certos momentos: assobiar com perfeição. Nasceu quando vi o Myltainho, na redação do Jornal da Tarde, assobiar a melodia da sinfonia inacabada de Schubert, inteira, sem vacilações ou erro. Pálido de espanto, incluí aquele pequeno recital de sala de redação entre as admirações de minha vida e me acrescentei mais uma frustração.

( Veja São Paulo , 26.07.2017. Adaptado)


De acordo com o texto, é correto afirmar que o cronista


A)

sente imensa frustração por não ter aprendido a cantar nem a tocar instrumentos de corda.



B) não desistiu de andar de bicicleta, entretanto gosta de fazê-lo solitariamente e em espaços amplos.

C) era muito tímido com as garotas, por isso ficava no banco e dançava poucas vezes nos bailes da cidade.

D) não conhecia a sinfonia de Schubert, por isso ficou pálido de espanto ao ouvir Myltainho assobiá-la.

E) sabe nadar desde criança, mas ficou receoso depois de quase se afogar em praias e rios.


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