PortuguêsInterpretação de textos (2)
- (Instituto Excelência 2017)
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
GULLAR, Ferreira. “Não há vagas”. In: Toda Poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980.
A expressão “não cabe no poema” é repetida várias vezes ao longo do texto. Ao analisar o poema, sua temática e sua construção percebe-se que:
A) A repetição da expressão mostra que determinados elementos (listados ao longo do texto) não têm espaço na poesia e, por isso, não são tratados nela.
B) A repetição da expressão mostra que questões sociais devem ser temas discutidos em poemas.
C) A repetição da expressão mostra a necessidade de uma poesia mais refinada, que aborde assuntos sublimes e não questões da vida cotidiana.
D) Nenhuma das alternativas.
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