PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (7)
- (FCC 2012)
Economia religiosa
Concordo plenamente com Dom Tarcísio Scaramussa,
da CNBB, quando ele afirma que não faz sentido nem obrigar
uma pessoa a rezar nem proibi-la de fazê-lo. A declaração do
prelado vem como crítica à professora de uma escola pública de
Minas Gerais que hostilizou um aluno ateu que se recusara a
rezar o pai-nosso em sua aula.
É uma boa ocasião para discutir o ensino religioso na
rede pública, do qual a CNBB é entusiasta. Como ateu, não
abraço nenhuma religião, mas, como liberal, não pretendo que
todos pensem do mesmo modo. Admitamos, para efeitos de
argumentação, que seja do interesse do Estado que os jovens
sejam desde cedo expostos ao ensino religioso. Deve-se então
perguntar se essa é uma tarefa que cabe à escola pública ou se
as próprias organizações são capazes de supri-la, com seus
programas de catequese, escolas dominicais etc.
A minha impressão é a de que não faltam oportunidades
para conhecer as mais diversas mensagens religiosas, onipresentes
em rádios, TVs e também nas ruas. Na cidade de São
Paulo, por exemplo, existem mais templos (algo em torno de
4.000) do que escolas públicas (cerca de 1.700). Creio que aqui
vale a regra econômica, segundo a qual o Estado deve ficar fora
das atividades de que o setor privado já dá conta.
Outro ponto importante é o dos custos. Não me parece
que faça muito sentido gastar recursos com professores de religião,
quando faltam os de matemática, português etc. Ao contrário
do que se dá com a religião, é difícil aprender física na
esquina.
Até 1997, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação acertadamente
estabelecia que o ensino religioso nas escolas oficiais
não poderia representar ônus para os cofres públicos. A
bancada religiosa emendou a lei para empurrar essa conta para
o Estado. Não deixa de ser um caso de esmola com o chapéu
alheio.
(Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo , 06/04/2012)
No que diz respeito ao ensino religioso na escola pública, o autor mantém-se
A) esquivo, pois arrola tanto argumentos que defendem a obrigatoriedade como o caráter facultativo da implementação desse ensino
B) intransigente, uma vez que enumera uma série de razões morais para que se proíba o Estado de legislar sobre quaisquer matérias religiosas.
C) pragmático, já que na base de sua argumentação contra o ensino religioso na escola pública estão razões de ordem jurídica e econômica.
D) intolerante, dado que deixa de reconhecer, como ateu declarado, o direito que têm as pessoas de decidir sobre essa matéria.
E) prudente, pois evita pronunciar-se a favor da obrigatoriedade desse ensino, lembrando que ele já vem sendo ministrado por muitas entidades.
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