PortuguêsInterpretação de textos
- (FCC 2018)
Não ameis à distância!
Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas, em outra há outros milhões; e as cidades são tão longe uma da outra que nesta é verão quando naquela é inverno. Em cada uma dessas cidades há uma pessoa; e essas pessoas tão distantes acaso podem cultivar em segredo, como plantinha de estufa, um amor à distância?
Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falando línguas diversas. Não se telefonam mais; é tão caro e demorado e tão ruim e, além disso, que se diriam? Escrevem-se. Mas uma carta leva dias para chegar; ainda que venha cheia de sentimento, quem sabe se no momento em que é lida já não poderia ter sido escrita? A carta não diz o que a outra pessoa está sentindo, diz o que sentiu na semana passada... e as semanas passam de maneira assustadora.
E ao que ama o que importa é a pessoa amada hoje, agora, aqui − e isso não há. Então a outra pessoa vira retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa que a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra, imagem, um pequeno fantasma, e nada mais.
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. A traição das elegantes . Rio de Janeiro, Record, 1982, p. 34
O autor chama a atenção para o fato de que os amantes desejam estar próximos um do outro no trecho:
A) Em cada uma dessas cidades há uma pessoa...
B) Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falando línguas diversas.
C) E ao que ama o que importa é a pessoa amada hoje, agora, aqui...
D) Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas, em outra há outros milhões...
E) ... e as cidades são tão longe uma da outra que nesta é verão quando naquela é inverno.
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