PortuguêsInterpretação de textos
- (FCC 2018)
Atenção : Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Os intelectuais e a escrita
Poderia uma função social para os intelectuais − quer dizer, poderiam os próprios intelectuais − ter existido antes da invenção
da escrita? Dificilmente. Sempre houve uma função social para xamãs, sacerdotes, magos e outros servos e senhores de ritos, e é de
supor que também para aqueles que hoje chamaríamos de artistas. Mas como existir intelectuais antes da invenção de um sistema de
escrita e de números que precisava ser manipulado, compreendido, interpretado, aprendido e preservado? Entretanto, com o advento
desses modernos instrumentos de comunicação, cálculo e, acima de tudo, memória, as exíguas minorias que dominavam essas
habilidades provavelmente exerceram mais poder social durante uma época do que os intelectuais jamais voltaram a exercer.
Os que dominavam a escrita, como nas primeiras cidades das primeiras economias agrárias da Mesopotâmia, puderam se tornar
o primeiro “clero”, classe de governantes sacerdotais. Até os séculos XIX e XX, o monopólio da capacidade de ler e escrever no
mundo alfabetizado e a instrução necessária para dominá-la também implicavam um monopólio de poder, protegido da competição
pelo conhecimento de línguas escritas especializadas, ritual ou culturalmente prestigiosa.
De outro lado, a pena jamais teve mais poder do que a espada. Os guerreiros sempre conquistaram os escritores, mas sem estes
últimos não poderia ter havido nem Estados, nem grandes economias, nem, menos ainda, os grandes impérios históricos do mundo
antigo.
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados . São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 226-227)
Para o autor do texto, a existência mesma dos intelectuais está inextricavelmente ligada ao surgimento da escrita porque esta
A) passou a representar uma forma de comunicação que se converteu numa forma de poder social, exercido pela minoria que a manipulava.
B) possibilitou o advento de uma nova classe social, cuja principal característica era cultivar um saber desinteressado.
C) favoreceu a criação de um novo estilo de linguagem, cujo poder de comunicação suplantava os anteriores.
D) exerceu tamanha influência sobre o poder de estado que mesmo a força da violência armada não a podia subjugar.
E) conseguiu obter tão imediato e difundido prestígio que logo se converteu em ferramenta democrática, servindo a quem dela lançasse mão.
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