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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (6)


EXERCÍCIOS - Exercício 151

  • (FCC 2014)

Nosso jeitinho

Um amigo meu, estrangeiro, já há uns seis anos morando no Brasil, lembrava-me outro dia qual fora sua principal dificuldade − entre várias − de se adaptar aos nossos costumes. “Certamente foi lidar com o tal do jeitinho”, explicou. “Custei a entender que aqui no Brasil nada está perdido, nenhum impasse é definitivo: sempre haverá como se dar um jeitinho em tudo, desde fazer o motor do carro velho funcionar com um pedaço de arame até conseguir que o primo do amigo do chefe da seção regional da Secretaria de Alimentos convença este último a influenciar o Diretor no despacho de um processo”.

Meu amigo estrangeiro estava, como se vê, reconhecendo a nossa “informalidade” − que é o nome chique do tal do jeitinho. O sistema – também batizado pelos sociólogos como o do “favor” − não deixa de ser simpático, embora esteja longe de ser justo. Os beneficiados nunca reclamam, e os que jamais foram morrem de inveja e mantêm esperanças. Até o poeta Drummond tratou da questão no poema “Explicação”, em que diz a certa altura: “E no fim dá certo”. Essa conclusão aponta para uma espécie de providencialismo místico, contrapartida divina do jeitinho: tudo se há de arranjar, porque Deus é brasileiro. Entre a piada e a seriedade, muita gente segue contando com nosso modo tão jeitoso de viver.

É possível que os tempos modernos tenham começado a desfavorecer a solução do jeitinho: a informatização de tudo, a rapidez da mídia, a divulgação instantânea nas redes sociais, tudo se encaminha para alguma transparência, que é a inimiga mortal da informalidade. Tudo se documenta, se registra, se formaliza de algum modo − e o jeitinho passa a ser facilmente desmascarado, comprometido o seu anonimato e perdendo força aquela simpática clandestinidade que sempre o protegeu. Mas há ainda muita gente que acha que nós, os brasileiros, com nossa indiscutível criatividade, daremos um jeito de contornar esse problema. Meu amigo estrangeiro, por exemplo, não perdeu a esperança .

(Abelardo Trabulsi, inédito )


É correto inferir da leitura do texto que a prática do jeitinho, no Brasil,


A) conta com alguma simpatia do amigo estrangeiro, que espera seja ela capaz de sobreviver aos desafios dos tempos modernos.

B) é vista como piada pela totalidade da população, que a considera folclórica, embora muita gente ainda busque levá-la a sério.

C) predomina entre os setores menos favorecidos da população, uma vez que os demais são atendidos por um sistema de valores mais justo.

D) vem perdendo força por conta da informalidade maior de outras práticas sociais, menos democráticas mas mais difundidas pela internet.

E) está intimamente associada às convicções religiosas, uma vez que dela só costumam valer-se aqueles cuja fé em Deus se mostra inabalável.


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