PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (13)
- (IBADE 2019)
Procurar o quê
O que a gente procura muito e sempre não é
isto nem aquilo. É outra coisa.
Se me perguntam que coisa é essa, não
respondo, porque não é da conta de ninguém o que
estou procurando.
Mesmo que quisesse responder, eu não podia.
Não sei o que procuro. Deve ser por isso mesmo que
procuro.
Me chamam de bobo porque vivo olhando aqui
e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas
folhas de bananeiras, nas gretas do muro, nos
espaços vazios.
Até agora não encontrei nada. Ou encontrei
coisas que não eram a coisa procurada sem saber, e
desejada.
Meu irmão diz que não tenho mesmo jeito,
porque não sinto o prazer dos outros na água do
açude, na comida, na manja, e procuro inventar um
prazer que ninguém sentiu ainda.
Ele tem experiência de mato e de cidade, sabe
explorar os mundos, as horas. Eu tropeço no
possível, e não desisto de fazer a descoberta do que
tem dentro da casca do impossível.
Um dia descubro. Vai ser fácil, existente, de
pegar na mão e sentir. Não sei o que é. Não imagino
forma, cor, tamanho. Nesse dia vou rir de todos.
Ou não. A coisa que me espera, não poderei
mostrar a ninguém. Há de ser invisível para todo
mundo, menos para mim, que de tanto procurar fiquei
com merecimento de achar e direito de esconder.
(Carlos Drummond de Andrade)
No texto há um trecho em que o personagem afirma não se dar bem com o que o mundo oferece, sentindo a necessidade de procurar coisas novas. Essa passagem está transcrita em:
A) “Eu tropeço no possível, e não desisto de fazer a descoberta do que tem dentro da casca do impossível.”
B) “O que a gente procura muito e sempre não é isto nem aquilo. É outra coisa.”
C) “Mesmo que quisesse responder, eu não podia. Não sei o que procuro. Deve ser por isso mesmo que procuro.”
D) “Me chamam de bobo porque vivo olhando aqui e ali, nos ninhos,...”
E) “Meu irmão diz que não tenho mesmo jeito,...”
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