PortuguêsCoesão e coerência (3)
- (FCC 2006)
Janelas de ontem e de hoje
Os velhinhos de ontem costumavam, sobretudo nos fins
de tarde, abrir as janelas das casas e ficar ali, às vezes com os
cotovelos apoiados em almofadas, esperando que algo
acontecesse: a aproximação de um conhecido, uma correria de
crianças, um cumprimento, uma conversa, o pôr do sol, a
aparição da lua.
Eles se espantariam com as crianças e os jovens de hoje,
fechados nos quartos, que ligam o computador, abrem as
janelas da Internet e navegam por horas por um mundo de
imagens, palavras e formas quase infinitas.
O homem continua sendo um bicho muito curioso. O
mundo segue intrigando-o.
O que ninguém sabe é se o mundo está cada vez maior
ou menor. O que eu imagino é que, de suas janelas, os
velhinhos viam muito pouca coisa, mas pensavam muito sobre
cada uma delas. Tinham tempo para recolher as informações
mínimas da vida e matutar sobre elas. Já quem fica nas janelas
da Internet vê coisas demais, e passa de uma para outra quase
sem se inteirar plenamente do que está vendo. Mudou o tempo
interior do homem, mudou seu jeito de olhar. Mudaram as
janelas para o mundo - e nós seguimos olhando, olhando,
olhando sem parar, sempre com aquela sensação de que
somos parte desse espetáculo que não podemos parar de olhar,
seja o cachorro de verdade que se coça na esquina da padaria,
seja o passeio virtual por Marte, na tela colorida.
(Cristiano Calógeras)
Está clara, coerente e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
A) Quanto a estar maior ou menor, o mundo é sempre duvidoso, pois quanto mais se lhe conhece mais nos parece familiar.
B) O autor vê com equiparação as janelas de uma casa tanto quanto a Internet, embora em ambas o homem se vê postado para melhor conhecer.
C) A velocidade com que o homem passou a receber informações, sobretudo pela Internet, reduziu o tempo de reflexão sobre elas.
D) Dois exemplos radicais de informação - um cachorro se coçando e a viagem por Marte - que o autor considera para ilustrar os espetáculos que temos acesso.
E) Não significa que as coisas simples que os velhinhos de ontem viam nas janelas era menos curioso para um menino que vê o mundo na Internet.
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