PortuguêsInterpretação de textos
- (FEPESE 2014)
Texto 2
O Brasil como problema
Ao longo dos séculos, vimos atribuindo o atraso do Brasil e a penúria dos brasileiros a falsas causas naturais e históricas, umas e outras imutáveis. Entre elas, fala-se dos inconvenientes do clima tropical, ignorando-se suas evidentes vantagens. Acusa-se, também, a mestiçagem, desconhecendo que somos um povo feito do caldeamento de índios com negros e brancos, e que nos mestiços constituíamos e cerne melhor de nosso povo.
Há quem se refira à colonização lusitana, com nostalgia por uma mirífica colonização holandesa. É tolice de gente que, visivelmente, nunca foi ao Suriname. Existe até quem queira atribuir o nosso atraso a uma suposta juvenilidade do povo brasileiro, que ainda estaria na minoridade. Esses idiotas ignoram que somos cento e tantos anos mais velhos que os Estados Unidos. Dizem, também, que nosso território é pobre - uma balela. Repetem, incansáveis, que nossa sociedade tradicional era muito atrasada - outra balela. Produzimos, no período colonial, muito mais riqueza de exportação que a América do Norte e edificamos cidades majestosas como o Rio, a Bahia, Recife, Olinda, Ouro Preto, que eles jamais conheceram.
Trata-se, obviamente, do discurso ideológico de nossas elites. Muita gente boa, porém, em sua inocência, o interioriza e repete. De fato, o único fator causal inegável de nosso atraso é o caráter das classes dominantes brasileiras, que se escondem atrás desse discurso. Não há como negar que a culpa do atraso nos cabe é a nós, os ricos, os brancos, os educados, que impusemos, desde sempre, ao Brasil, a hegemonia de uma elite retrógrada, que só atua em seu próprio benefício.
RIBEIRO, Darci. O Brasil como problema. Brasília : Editora da UnB, 2010. p. 23-24. [Adaptado]
Considere o trecho abaixo, extraído do texto 2.
“ Dizem, também, que nosso território é pobre – uma balela. Repetem, incansáveis, que nossa sociedade tradicional era muito atrasada – outra balela. Produzimos, no período colonial, muito mais riqueza de exportação que a América do Norte e edifcamos cidades majestosas como o Rio, a Bahia, Recife, Olinda, Ouro Preto, que elesjamais conheceram.”
Assinale a alternativa correta.
A) O pronome “eles” faz referência anafórica aos portugueses do período colonial.
B) Os dois usos do travessão se justificam por inserirem o discurso direto de uma segunda voz, alheia e estranha ao texto.
C) Há uma relação de conformidade estabelecida entre o Brasil e a América do Norte, tendo como ponto de convergência a ideia de “riqueza”.
D) Para eliminar o traço de informalidade, o termo “balela” pode ser substituído, em suas duas ocorrências, por “traição”, sem prejuízo para o sentido do enunciado.
E) Subentende-se que as formas verbais “dizem” e “repetem”, na terceira pessoa do plural, fazem referência ao “discurso ideológico de nossas elites.”
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