FilosofiaDiversos

• (Colégio Pedro II 2022)

A “unidade” é necessária para a ação política efetiva? Não será, precisamente, a insistência prematura no objetivo de unidade a causa da fragmentação cada vez maior e mais acirrada das fileiras? Certas formas aceitas de fragmentação podem facilitar a ação, e isso exatamente porque a “unidade” da categoria das mulheres não é nem pressuposta nem desejada. Não implica a “unidade” uma norma excludente de solidariedade no âmbito da identidade, excluindo a possibilidade de um conjunto de ações que rompam as próprias fronteiras dos conceitos de identidade, ou que busquem precisamente efetuar essa ruptura como um objetivo político explícito? Sem a pressuposição ou o objetivo da “unidade”, sempre instituído no nível conceitual, unidades provisórias podem emergir no contexto de ações concretas que tenham outras propostas que não a articulação da identidade. Sem a expectativa compulsória de que as ações feministas devam instituir-se a partir de um acordo estável e unitário sobre a identidade, essas ações bem poderão desencadear-se mais rapidamente e parecer mais adequadas ao grande número de “mulheres” para as quais o significado da categoria está em permanente debate. (BUTLER, 2014, p. 36)
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
Com base no texto, é correto afirmar que


A) a unidade identitária da categoria de mulheres é condição para articulação da ação política feminista.

B) a unidade compulsória da categoria mulheres não é pressuposta nem requerida para a ação política feminista.

C) o primeiro passo para gerar unidades provisórias ou permanentes de ação política é estabilizar a categoria de identidade.

D) o significado da categoria mulheres está em permanente debate na busca por atingir acordos unitários e estáveis sobre identidade.


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