PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto
- (FCC 2018)
Atenção : Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Um século de cinema*
Os cem anos do cinema parecem ter a forma de um ciclo de vida: um nascimento inevitável, o contínuo acúmulo de glórias, na
última década, o início de um declínio irreversível e degradante. Isso não significa que não haverá filmes novos dignos de se admirar.
Mas tais filmes serão mais que exceções: eles terão de ser heroicas violações das normas e dos procedimentos que hoje regem a
produção cinematográfica em toda parte no mundo capitalista e em vias de se tornar capitalista – vale dizer, em toda parte.
Filmes comuns, feitos tão somente para fins de entretenimento (ou seja, comerciais), continuarão a ser espantosamente tolos;
a vasta maioria já não consegue deixar de apelar de forma clamorosa para o seu público, cinicamente visado. Enquanto a finalidade
de um grande filme é, hoje, mais que nunca, ser uma proeza única, o cinema comercial instituiu para si uma política de produção
cinematográfica inchada, derivativa, uma descarada arte combinatória, na esperança de reproduzir sucessos do passado. Todo filme
que espera alcançar o maior público possível é planejado como uma forma de reprodução. O cinema, outrora anunciado como a arte
do século XX, parece hoje uma arte decadente.
*Excerto de ensaio escrito pela pensadora norte-americana em 1983.
(SONTAG, Susan. Questão de ênfase . Trad. de Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 115 e p. 161)
Ao avaliar a situação do cinema um século depois de seu nascimento, a autora julga que a arte cinematográfica
A) acomodou-se em seu leito de glórias, vivendo sobretudo da contínua reexibição dos clássicos já consagrados pelo público.
B) decaiu por conta da competição com outros veículos e formas de comunicação que lhe são superiores em técnica, velocidade e eficiência.
C) resiste ainda à massificação comercial dos filmes apenas quando, aqui e ali, algum filme busca romper esse amplo processo degradante.
D) vive agora da proeza única que é ao mesmo tempo manter alguma qualidade estética enquanto atende a interesses econômicos.
E) sofre da falta de planejamento e de criação, embora ainda insista em romper os limites de uma arte inteiramente voltada para o entretenimento.
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