PortuguêsSignificação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. (5)
- (FCC 2014)
Da utilidade dos prefácios
Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda - o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio - fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.
Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético .
Está inteiramente clara e correta a redaçãodeste livre comentário sobre o texto:
A) Ao contrário dos que consideram os prefácios tão inúteis quanto inconvenientes, o autor julga que muitas dessas apresentações são mais atraentes e substanciosas do que o texto principal.
B) Embora hajam apresentações bem realizadas de livros, é indiscutível que boa parte delas primem pela inutilidade, inconveniência ou mesmo assumam o caráter de um estraga-prazeres.
C) Há discordâncias quanto ao valor ou não dos prefácios, uma vez que alguns concordam com seu intento esclarecedor, ao passo que outros o negam, em razão de argumentos não valorativos.
D) O autor acredita de que a maioria dos prefácios pode mesmo carecer de valor, ainda que em muitos casos, ao contrário, se estabelece uma utilidade insuspeita que chega a valorizá-lo mais que à obra.
E) Não seria bom para um escritor, que viesse a ter como autor de seu prefácio um colega mais talentoso, tanto que isso poderia acarretar, nas bibliografias, uma importância exclusiva para o texto introdutório.
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