HistóriaFundamentos da história : tempo memória e cultura

• (FGV 2022)

Sobre a emergência do gesto patrimonial no Ocidente, considere o trecho a seguir.
“Com a nova configuração cultural aberta pela Revolução Francesa, o discurso patrimonial se confundiu com a luta contra o vandalismo e se tornou um compromisso para a manutenção do status quo. Na operação de apagamento da cultura do Antigo Regime, mediante a eliminação de seus objetos de memória e civilidades, configuram-se novas relações com a coletividade, ao longo do século XIX, marcadas pelo predomínio do vínculo da nação com a conservação. A maioria dos objetos ‘que contam’, e cuja beleza pertence a todos torna-se a encarnação do ‘espírito’ de uma coletividade particular. Ao longo do século XX, a noção de conservação engaja claramente uma representação da historicidade: o princípio de precaução contém uma conservação dita ‘preventiva’ definida de forma estrita, enquanto as reflexões administrativas não cessam de afirmar que o patrimônio é ‘um presente do passado’.”
Adaptado de POULOT, D. “A razão patrimonial na Europa, do século XVIII ao XXI”, in Revista do Patrimônio, IPHAN, 34, 2012, p. 31-32.
As afirmativas a seguir descrevem corretamente os sentidos atribuídos ao gesto patrimonial na tradição ocidental, a partir das considerações de Dominique Poulot, à exceção de uma. Assinale-a.


A) A partir da Revolução Francesa, a ideia de patrimônio é elaborada por antiquários e colecionadores que, em seus gabinetes de curiosidades, transformavam os objetos do Antigo Regime em peças raras.

B) Desde o século XVIII, o patrimônio tem sido objeto de disputas que implicam em julgamentos de valor e em escolhas resultantes de embates políticos, socioeconômicos e intelectuais.

C) No contexto das Revoluções Burguesas, a noção moderna de patrimônio emerge em concomitância com a de esfera pública, como o comprova a patrimonialização de palácios e objetos que pertenceram aos nobres e à realeza.

D) A partir da Segunda Revolução Industrial, o campo patrimonial é pautado em uma concepção moderna de tempo e progresso, em que as diversidades culturais são interpretadas como níveis civilizacionais.

E) No século XIX, o patrimônio é considerado o principal testemunho de um passado nacional, o qual precisa ser descoberto, inventariado e registrado, para gerar identidade cívica e engajamento erudito.


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