PortuguêsRedação - reescritura de texto
- (FCC 2016)
Estava mal chegando a São Paulo, quando um repórter me provocou: "Mas como, Chico, mais um samba? Você não acha que isso já está superado?" Não tive tempo de me defender ou de atacar os outros, coisa que anda muito em voga. Já era hora de enfrentar o dragão, como diz o Tom, enfrentar as luzes, os cartazes, e a plateia, onde distingui um caro colega regendo um coro pra frente, de franca oposição. Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu amigo, um homem sabidamente isento de preconceitos. Foi-se o tempo em que ele me censurava amargamente, numa roda revolucionária, pelo meu desinteresse em participar de uma passeata cívica contra a guitarra elétrica. Nunca tive nada contra esse instrumento, como nada tenho contra o tamborim. O importante é Mutantes e Martinho da Vila no mesmo palco.
Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa e de sua música estereotipada, onde samba, toada etc. são ritmos virgens para seus melhores músicos, indecifráveis para seus cérebros eletrônicos. "Só tenho uma opção, confessou-me um italiano − sangue novo ou a antimúsica. Veja, os Beatles, foram à Índia..." Donde se conclui como precipitada a opinião, entre nós, de que estaria morto o nosso ritmo, o lirismo e a malícia, a malemolência. É certo que se deve romper com as estruturas. Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes, já traz dentro de si os elementos de renovação. Não se trata de defender a tradição, família ou propriedade de ninguém. Mas foi com o samba que João Gilberto rompeu as estruturas da nossa canção. E se o rompimento não foi universal, culpa é do brasileiro, que não tem vocação pra exportar coisa alguma.
Quanto a festival, acho justo que estejam todos ansiosos por um primeiro prêmio. Mas não é bom usar de qualquer recurso, nem se deve correr com estrondo atrás do sucesso, senão ele se assusta e foge logo. E não precisa dar muito tempo para se perceber "que nem toda loucura é genial, como nem toda lucidez é velha".
(Adaptado de: HOLANDA, Chico Buarque de, apud Adélia B. de Menezes, Desenho Mágico : Poesia e Política em Chico Buarque, São Paulo, Ateliê, 2002, p. 28-29)
Estava mal chegando a São Paulo, quando um repórter me provocou: "Mas como, Chico, mais um samba? Você não acha que isso já está superado? " (1° parágrafo)
Mantendo-se, em linhas gerais, o sentido original, o trecho acima está corretamente reescrito, em um único período, em:
A) Cheguei a São Paulo quando um repórter, questionando-me por que mais um samba – se eu não achava que isso já estava superado –, provocou-me.
B) Quando um repórter, recém-chegando a São Paulo, provocou-me questionando porque mais um samba e se eu não acharia que isso já estaria superado.
C) Quando um repórter me provocou e me questionou: por que mais um samba e se eu não acho que isso já está superado?
D) Chegando a São Paulo, um repórter me provocou ao questionar-me por que eu iria escrever mais um samba e se eu não achava que isso já estivesse superado.
E) Recém-chegado a São Paulo, fui provocado por um repórter, que me questionava por que mais um samba e se eu não achava que isso já estava superado.
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