PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (6)
- (FCC 2013)
O cego de Ipanema
Caminha depressa e ritmado, a cabeça balançando no alto, como um instrumento, a captar os ruídos, os perigos, as ameaças da Terra. Os cegos, habitantes de mundo esquemático, sabem aonde ir, desconhecendo as nossas incertezas e perplexidades. Sua bengala bate na calçada com um barulho seco e compassado, investigando o mundo geométrico. A cidade é um vasto diagrama, de que ele conhece as distâncias, as curvas, os ângulos. Sua vida é uma série de operações matemáticas, enquanto a nossa costuma ser uma improvisação constante, uma tonteira, um desvario. Sua sobrevivência é um cálculo.
Um dia eu o vi em um momento particular de mansidão e ternura. Um rapaz que limpava um cadillac sobre o passeio deixou que ele apalpasse todo o carro. Suas mãos percorreram o para-lama, o painel, os faróis, os frisos. Seu rosto se iluminava, deslumbrado, como se seus olhos vissem pela primeira vez uma grande cachoeira, o mar de encontro aos rochedos, uma tempestade, uma bela mulher.
(Paulo Mendes Campos. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 31)
Atente para as seguintes afirmações: I. A assertiva Sua sobrevivência é um cálculo(1 oparágrafo), referida ao homem cego, justifica-se pelas expressões que imediatamente a antecedem, entre elas improvisação constante.II. No 1 oparágrafo, o autor do texto estabelece uma relação entre as capacidades desenvolvidas pelos homens cegos e a autossuficiência com que parecem explorar os caminhos da vida. III. Testemunhando um momento particular de mansidão e ternura(2 oparágrafo), o autor equipara um prazer possível ao cego e o desfrute visual de formas naturais. Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE em
A) II e III.
B) I e II.
C) III.
D) II.
E) I.
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