PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (23)
- (CEFET-MG 2021)
13 de maio
Eu tenho tanta dó dos meus filhos. Quando eles vêem as coisas de
comer eles bradam: Viva a mamãe. A manifestação me agrada. Mas
eu já perdi o hábito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais
comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura pra Dona
Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim: “Dona Ida peço-te
se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa
para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço.
Carolina.”
Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come
mais. A minha filha Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a
reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar
um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de
banha a dona Alice. Ela me deu a banha e arroz. Era 9 horas da noite
quando comemos.
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura
atual, a fome!
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo : diário de uma favelada. 10. ed. São
Paulo: Editora Ática, 2019.
Lidos comparativamente, os textos de Carolina Maria de Jesus e de Luana Tolentino partilham um tom
A) pedagógico, pela referência ao processo de formação dos moradores de favelas.
B) confessional, pelo uso da narrativa íntima na abordagem de problemas sociais.
C) persuasivo, pelo objetivo de convencimento do leitor da perspectiva apresentada.
D) melancólico, pela constatação da permanência da desigualdade na realidade brasileira.
E) irônico, pela referência à história nacional em comparação ao discurso de sujeitos marginalizados.
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