PortuguêsFiguras de linguagem (2)
- (FCC 2019)
Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões p’ra cantar que a vida.
Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ’stá pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!
(PESSOA, Fernando. Obra poética . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p. 144
O pleonasmo é definido como a redundância de termos no âmbito das palavras, mas de emprego legítimo em certos casos, pois confere maior vigor ao que está sendo expresso. Verifica-se a ocorrência de pleonasmo no seguinte verso:
A) Minha alma a vossa sombra leve! (6ª estrofe)
B)
O que em mim sente ’stá pensando. (4ª estrofe)
C) Ah, poder ser tu, sendo eu! (5ª estrofe)
D) Ter a tua alegre inconsciência, (5ª estrofe)
E) Entrai por mim dentro! Tornai (6ª estrofe)
Próximo:
EXERCÍCIOS - Exercício 44
Vamos para o Anterior: Exercício 42
Tente Este: Exercício 419
Primeiro: Exercício 1
VOLTAR ao índice: Português