PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (10)
- (VUNESP 2019)
Leia o texto para responder à questão.
Por que temos filhos?
A pergunta do título comporta vários níveis de resposta.
No plano biológico, a reprodução é um imperativo, fazendo
parte de várias das definições de vida. Mas a biologia é só
parte da história. A paternidade também encerra dimensões
culturais, econômicas e emocionais.
Inspirado em “Anti-Pluralism”, de William Galston, arrisco
algumas reflexões sobre a matéria.
Até o começo do século 19, filhos eram um ativo econômico. Ajudavam desde cedo com o trabalho doméstico, colaborando para o bem-estar da família, e ainda faziam as vezes
de plano de aposentadoria para os pais.
Hoje, contudo, crianças ficaram caras. E, para piorar,
elas demoram muito até começar a trazer contribuições econômicas. Como observa Galston, no espaço de dois séculos,
a criação de filhos deixou de ser um bem privado para tornar-se um bem público.
Embora a paternidade possa trazer recompensas emocionais, do ponto de vista estritamente econômico, ela favorece a sociedade como um todo, enquanto a maior parte dos
custos recai sobre os genitores.
E por que crianças beneficiam a sociedade? A crer na
análise de economistas como Julian Simon, riqueza são pessoas. Quanto mais gente, melhor, já que são indivíduos que
têm ideias (além de consumir produtos) e são as novas ideias
que vêm assegurando o brutal aumento de produtividade a
que assistimos nos últimos 200 anos.
E isso nos coloca diante de um dos grandes dilemas
dos tempos modernos. Para assegurar a sustentabilidade
da exploração dos recursos naturais do planeta, precisaríamos estabilizar ou até reduzir a população. Só que fazê-lo
é uma espécie de suicídio econômico, já que ficaria muito
difícil manter taxas positivas de crescimento, sem as quais
instituições como previdência e até democracia representativa podem entrar em colapso.
(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo . 18.11.2018. Adaptado)
Segundo o texto,
A) a paternidade representa hoje, assim como nos séculos passados, a certeza de auxílio doméstico e a expectativa de futura aposentadoria.
B) os filhos simbolizaram, ao longo dos séculos passados, um investimento caro, que poderia inclusive comprometer a aposentadoria dos pais.
C) a percepção sobre o papel dos filhos manteve-se historicamente inalterada, já que continuam sendo vistos como essenciais para o bem-estar da família.
D) economicamente, a geração de crianças é atualmente vista como um bem público, já que elas beneficiam a sociedade de diferentes maneiras.
E) a mentalidade segundo a qual crianças trazem benefícios econômicos para a sociedade vem sendo questionada, já que eles demoram a gerar riquezas.
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