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PortuguêsRedação - reescritura de texto (2)


EXERCÍCIOS - Exercício 204

  • (CETRO 2012)

Leia o texto abaixo para responder à questão.

Você reconhece quem teve uma festa de criança em casa no dia anterior. Alguma coisa no rosto. A expressão de quem chegou à terrível conclusão de que Herodes talvez tivesse razão.

– Que respiração ofegante o senhor tem!

– Foi de tanto encher balão.

– Que dificuldade o senhor tem para caminhar!

– Foi de tanto levar canelada tentando apartar briga.

– Como suas mãos estão trêmulas!

– Foi de tanto me controlar para não esgoelar ninguém!

Respeito e consideração para quem teve uma festa de criança em casa no dia anterior.

O pai e a mãe estão atirados num sofá, um para cada lado. Semiconscientes. Já é noite, mas a festa ainda não acabou. Sobram três crianças que não param de correr pela casa.

– Tenho uma ideia – diz o pai.

– Qual é?

– Vamos mandar eles brincarem no meio da rua. Esta hora tem bastante movimento.

– Não seja malvado. Daqui a pouco eles vão embora.

– Quando? Essas três foram as primeiras a chegar. Acho que os pais deixaram elas aqui e fugiram para o exterior.

Uma menina cruza a sala na corrida. Quando chegou, tinha o vestido mais engomado da festa. Depois de três banhos de guaraná e uma batalha de brigadeiro, parece uma veterana das trincheiras.

– Essa aí é a pior – diz o pai, num sussurro dramático.

– Essa baixinha! É um terror!

– Coitadinha. É a Cândida.

– Cândida?! É uma terrorista!

– Sshhh. – De onde é que saiu essa figura?

– É uma colega do Paulinho.

– E aquele ranhento que não para de comer?

– É o Chico. Também é colega.

– Será que não alimentam ele em casa? E o outro, o que está pulando de cima da mesa?

– É o Paulinho! Você não reconhece o seu próprio filho?

– Ele está coberto de chocolate.

– É que ele teve uma luta de brigadeiros com a Cândida...

– E perdeu, claro. A Cândida é imbatível. Guerra de brigadeiros, jiu-jítsu, vôlei com balão, hipismo com cachorro. Ela foi a única que conseguiu montar no Atlas.

– Por falar nisso, onde é que anda o Atlas?

– Fugiu de casa, lógico. Era o que eu devia ter feito.

– Ora, é só uma vez por ano...

– Você precisava me lembrar? Pensar que daqui a um ano tem outra...

– Você não pode falar. Você também gosta de fazer festa no seu aniversário.

– Mas nós somos finos. Nenhuma festa teve guerra de chocolate. Nos embebedamos como pessoas civilizadas.

– Ah é? E o anão com o trombone?

– Essa história você inventou. Não havia nenhum anão com um trombone.

– Ah, não? A Araci é que sabe dessa história. Só que ela foi embora no mesmo dia. O Chico se aproxima.

– Tem mais cachorro, quente?

– Não, meu filho. Acabou.

– Brigadeiro?

– Também acabou, Chico.

– Dá uma lambida na cabeça do Paulinho

– sugere o pai, sob um olhar de reprimenda da mãe.

– Puxa, não tem mais nada?

– diz Chico. E se afasta, desconsolado.

– E ainda reclama, o filho da mãe!

– Shhh.

– Bom, você eu não sei, mas eu...

– Você o quê?

– Vou tomar meu banho, se é que ainda tenho forças para ligar um chuveiro, e ver televisão na cama.

– E quando chegarem os pais?

– Que pais?

– Os pais da Cândida e dos outros, ora.

– O que é que eu tenho com eles?

– Quando eles chegarem, você tem que receber.

– Ah, não.

– Ah, sim!

– Mais essa?

Batem na porta. O pai vai abrir, esbravejando sem palavras. É um casal que se identifica como os pais da Cândida.

– Entrem, entrem.

– Nós só viemos buscar a...

– Não, entrem. A Cândida não vai querer sair agora. Ela é um encanto. Meu bem, os pais da Cândida. Sentem, sentem.

O pai esfrega as mãos, subitamente reanimado.

– Quem sabe uma cervejinha? Querida, vá buscar.

Como Araci se foi, a própria mãe – que se ocupou com a festa desde de manhã cedo, que mal se aguenta em pé, que podia matar o marido – vai buscar a cerveja. Pisando nos embrulhos de doces, nos copos de papelão e nos balões estourados que cobrem o chão e que ela mesma terá que limpar no dia seguinte. Respeito e comiseração para as mães que tiveram festa de criança em casa, no dia seguinte.

Enquanto isso o pai acaba de abrir a porta para os pais do Chico e os manda entrar, entusiasmado com a ideia de começar sua própria festa.

– Querida, mais cerveja!

Luis Fernando Veríssimo. In: comédias da vida privada – 101 crônicas escolhidas. P. 223-225.


Em relação ao texto e de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta.


A) O trecho “Vamos mandar eles brincarem no meio da rua.” pode ser reescrito da seguinte maneira, sem que haja erro ortográfico ou prejuízo semântico: “Vamos mandá-los brincarem no meio da rua.”.

B) O trecho “Será que não alimentam ele em casa?” pode ser reescrito da seguinte maneira, sem que haja erro ortográfico ou prejuízo semântico: “Será que não o alimentam em casa?”.

C) O trecho “E o outro, o que está pulando de cima da mesa?” pode ser reescrito da seguinte maneira, sem que haja alteração de sentido ou prejuízo semântico: “E o outro, o que está pulando em cima da mesa?”.

D) O trecho “Não seja malvado.” pode ser reescrito da seguinte maneira, sem que haja alteração de sentido ou prejuízo semântico: “Não seja mal.”.

E) O trecho “sugere o pai, sob um olhar de reprimenda da mãe.”, pode ser reescrito da seguinte maneira, sem que haja alteração de sentido ou prejuízo semântico: “sugere o pai, sobre um olhar de reprimenda da mãe.”.


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