PortuguêsVariação linguística
- (FUNCAB 2015)
Atenção ao Sábado
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado
de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém
despeja um balde de água no terraço; sábado ao
vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a
abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto
inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido:
outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã
vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
No sábado é que as formigas subiam pela
pedra.
Foi num sábado que vi um homem sentado na
sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca
e pirão; nós já tínhamos tomado banho.
De tarde a campainha inaugurava ao vento a
matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de
nossa semana.
Se chovia só eu sabia que era sábado; uma
rosa molhada, não é?
No Rio de Janeiro, quando se pensa que a
semana vai morrer, com grande esforço metálico a
semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e,
antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que
é sábado de tarde.
Tem sido sábado, mas já não me perguntam
mais.
Mas já peguei as minhas coisas e fui para
domingo de manhã.
Domingo de manhã também é a rosa da
semana.
Não é propriamente rosa que eu quero dizer.
LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer . São Paulo: Editora
Siciliano, 1992.
A linguagem utilizada no texto é corretamente identificada em:
A) coloquial, tal qual a linguagem comum cotidiana.
B) bastante informal, exageradamente, inclusive.
C) formal, como se espera de um texto literário.
D) padrão, com elevado nível de correção.
E) culta, coadunando-se com o tema.
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