Procura

PortuguêsRedação - reescritura de texto


EXERCÍCIOS - Exercício 320

  • (FUNCAB 2015)

Os segredos da narrativa
Acumulo uma casa abarrotada, um palácio falsamente reluzente e uma miséria envergonhada. Tenho, entre os dentes, um repertório caótico frente ao qual capitulo entregue à desordem do meu instinto narrativo.
A seleção que faço da vida é arbitrária. Faltam-me critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros. Como selecionar o que seja, se a própria existência é uma apologia ao banal?
Aguardo, pois, um tempo futuro que me facilite alcançar o cerne da matéria onde a paixão soçobra e ilumina-se ao mesmo tempo.
Sou um ser comprometido com o enigma da criação. Aarteé a minha razão de ser. Sua substância é inicialmente desconfortável, mas meu ofício não conhece expurgo. Desconfio que escrevo para alargar o sentido da vida. E que, ao criar à revelia certas metáforas, sirvo ao mistério que reina na minha terra, privo com a intimidade do meu corpo. E cedo entendi que, entre uma história e outra, o ideal é esgotar o que inicialmente se encontra sob o meu domínio, até dar caça de novo ao singular.
Mal defino, contudo, este enigma a que sirvo, apesar do longo convívio com o fazer literário. Sempre que tentei esclarecer os postulados da arte narrativa, falhei em apreender sua vasta relação com o mundo e os seres. Sei, no entanto, que a escritura é a residência secreta do escritor na terra. E que, confrontado com o mito da criação, seu maior segredo, ele vive e morre em meio às palavras. Sob este mito aloja-se a sua estética, assim como a consciência da arte. Razão de o escritor tentar conceituar a natureza da linguagem, decifrar a escritura que deriva da imaginação e da ilusão. Pretender saber por que ilusão e imaginação, ambas de realidade evanescente, são sanguíneas e apaixonadas, ainda que pairem acima do concreto e do palpável. E apresentem, além do mais, marcas persuasivas, eloquentes, insidiosas, e estejam em todas as partes, atendendo aos ditames coletivos, tornando a arte crédula.
Mas, graças à arte literária, que convive fundamentalmente com a esperança do inefável e do poético, aceitamos a ilusão do mundo, e dos sentimentos que nos habitam, como premissas para a existência da própria obra de arte. Para, deste modo, acolhermos a existência anímica de Aquiles, de Karamasoff, de Don Quijote, estes seres ilusórios que nos surgem revestidos de carne.
(PINON, Nélida. Aprendiz de Homero. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008, p. 23-24, fragmento.)

“A seleção que faço da vida é arbitrária. Faltam-me critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros."
Redigindo-se as duas frases acima em um único período e mantendo-se o sentido do texto, a redação será:


A) A seleção que faço da vida é arbitrária, por conseguinte faltam-me critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros.

B) A seleção que faço da vida é arbitrária, ainda que me faltem critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros.

C) A seleção que faço da vida é arbitrária, porquanto me faltam critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros.

D) A seleção que faço da vida é arbitrária, de modo que me faltam critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros.

E) A seleção que faço da vida é arbitrária, conquanto me faltem critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros.


Próximo:
EXERCÍCIOS - Exercício 321

Vamos para o Anterior: Exercício 319

Tente Este: Exercício 192

Primeiro: Exercício 1

VOLTAR ao índice: Português






Cadastre-se e ganhe o primeiro capítulo do livro.
+