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PortuguêsTipologia textual e tipos de discurso: direto indireto e indireto livre.


EXERCÍCIOS - Exercício 107

  • (FCM 2016)

Texto 1

A “facebookização” do jornalismo

Cleyton Carlos Torres

[1º§] A crise que embala o jornalismo não é de hoje. Críticas a aspectos conceituais, morais, editoriais e até financeiros já rondam esse importante pilar da democracia há um bom tempo. O digital, então, acabou surgindo para dar um empurrãozinho – tanto para o bem como para o mal – nas redações mundo afora. Prédios esvaziados, startups revolucionárias, crise existencial e um suposto adversário invisível: o próprio leitor.

[2º§] O leitor – e suas mídias sociais digitais conectadas em rede – passou a ser visto como um inimigo a ser combatido, um mal necessário para que o jornalismo conseguisse sobreviver. Não mais se fazia jornalismo para a sociedade, mas se fazia um suposto jornalismo dinâmico e frenético para que os grandes nomes da imprensa sobressaíssem diante dos “jornalistas cidadãos”. Esse era um dos primeiros e mais graves erros – dentro de uma sucessão – que seriam seguidos.

[3º§] As redações continuaram a ser esvaziadas, a crise existencial tornou-se mais aguda e o suposto adversário invisível cada vez se tornava mais forte. Havia um clima de que os “especialistas de Facebook ” superariam a imprensa. Não era mais necessário investir em jornalismo, já que as mídias sociais supririam toda a nossa fome por conhecimento e informação. O mito – surgido nas próprias redes sociais – parecia ter sido absorvido de tal maneira que a imprensa não mais reagia. Mesmo com o crescente número de startups sobre jornalismo, o canibalismo jornalístico parecia mais importante.

[4º§] Agora, outros erros tão graves quanto os citados estão sendo cometidos pela imprensa. O comportamento infantilizado de muitos veículos através das mídias sociais, por exemplo, demonstra imaturidade e desestruturação de pensamento. A aposta em modismos – e não mais em jornalismo – tem causado um efeito em cadeia que faz com que tanto canais grandes como pequenos se comportem de maneira duvidosa – pelo menos perante os conceitos do que se entendia como jornalismo.

[5º§] O abuso de listas, o uso de “ especialistas de Facebook ” como fonte, pautas sendo construídas com base em timelines alheias ou o frenesi encantador de likes e shares têm feito com que uma das maiores armadilhas das redes sociais abocanhe o jornalismo. O jornalismo, como instituição e pilar da democracia, agora se comporta como um usuário de internet, jovem, antenado, mas que não tem como privilégio o foco ou a profundidade. A armadilha se revela justamente no momento em que “ser um usuário” passa a valer como entendimento de “dialogar com o usuário”.

[6º§] As mídias sociais digitais conectadas em rede trouxeram a “ midiatização da mídia ”, ou a “ facebookização do jornalismo ”. Quando se falava em jornalismo cidadão e em participação do usuário, muitos pensavam em um jornalismo global-local, com o dinamismo e velocidade que a internet exige. Porém o que temos visto não vai ao encontro desse pensamento, já que o espaço do cidadão no jornalismo é medido apenas pelo seu humor, a participação do usuário é medida em curtidas e o jornalismo, muitas vezes, não é jornalismo, é apenas uma mera isca para likes e shares .

Fonte: Observatório da Imprensa, edição 886 - 19/01/2016. Disponível em: <http:// observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/a-facebookizacao-do-jornalismo> . Acesso em 20 jan. 2016. Fragmento de texto adaptado.

VOCABULÁRIO DE APOIO:

1- Startup : iniciar uma empresa e colocá-la em funcionamento.

2- Facebook : é um site e serviço de rede social, lançado em 2004, operado pela Facebook Inc.

3- Facebookização : neologismo (nova palavra) criado a partir de facebook .

4- Timeline : (linha do tempo): espaço para compartilhamento de dados, imagens e ideias nas redes sociais.

5- Like (curtir) e share (compartilhar): opções de interação e compartilhamento disponíveis nas redes sociais


Em relação à estrutura textual elaborada, é correto afirmar que o texto 1é um(a)


A) notícia, por apresentar o desdobramento analítico de um fato.

B) editorial jornalístico, por desenvolver reflexões de caráter impessoal.

C) artigo de opinião, por apresentar uma crítica sobre um tema específico.

D) reportagem, por apresentar uma abordagem informativa sobre um dado tema.


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