PortuguêsCoesão e coerência (8)
- (FGV 2022)
Em 2020, a pandemia de Covid-19 alterou profundamente a vida
no planeta Terra. Suas consequências sociais, econômicas e
psicológicas ainda não são plenamente conhecidas – mas serão
certamente duradouras. Os dois textos desta prova discutem
algumas dessas consequências.
Texto 1
Z de depressão ( fragmento )
“Quando o sol nasce em Minas Gerais, Caio está em seu
quarto. Ao cair da noite, também é lá que o rapaz fica, isolado. Ele
tem 21 anos e mora em Luz, cidade mineira de pouco mais de
18 mil habitantes. Até os 8 anos, levou a vida tranquila de alguém
que cresce numa cidade pequena. Mas então um dos seus tios se
matou, e o menino foi se tornando cada vez mais triste. Virou alvo
de bullying na escola, perdeu os amigos – ‘não sobrou ninguém’,
ele conta. Aos 10 anos, tentou suicídio e precisou ser internado às
pressas. [...]
Na adolescência, Caio identificou que era um homem
transgênero, e sua sensação de isolamento só cresceu. Com o
agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital
algumas vezes depois de se automutilar. Embora os médicos
tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um
longo período de tempo. Cresceu encontrando pequenos alívios
para a angústia: cachorros, namoradas, bebidas alcoólicas, cortes
nos braços. Conseguiu terminar o ensino médio, mas não teve
motivação para prestar vestibular ou trabalhar. [...]
Caio representa uma história, mas não a única, de um quadro
de adoecimento mental de crianças e jovens brasileiros, com
casos repetidos de depressão, ansiedade e síndrome do pânico.
[...] Em um Boletim Epidemiológico divulgado setembro passado,
o Ministério da Saúde apontava que as taxas de suicídio saltaram
116% entre crianças e adolescentes de 5 a 14 anos no intervalo de
2010 a 2019; nos jovens de 15 a 19 anos, o aumento foi de 81%.
Nas demais faixas etárias, a taxa não cresceu mais que 30%. Os
dados levaram o governo federal a classificar o suicídio como ‘um
problema de saúde pública crescente no Brasil, com destaque aos
grupos etários mais jovens’.
[...]
Entre junho e novembro de 2020, [Guilherme] Polanczyk e
outros pesquisadores da USP e do Hospital das Clínicas
entrevistaram remotamente 5.795 crianças e adolescentes entre
5 e 17 anos de todas as regiões do país para medir os efeitos da
pandemia sobre a saúde mental deles. No segundo semestre do
primeiro ano de isolamento, 36% apresentaram sintomas de
depressão e ansiedade. Como as escolas estavam fechadas e seria
perigoso realizar as entrevistas presencialmente, só participaram
aqueles com conexão à internet. ‘A gente sabe que os dados da
pesquisa não refletem a realidade das crianças e dos adolescentes
mais pobres’, Polanczyk diz. Ainda assim, os resultados indicaram
que a insegurança alimentar esteve associada a maiores níveis de
ansiedade e a sintomas depressivos. [...]
[...]
O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde não aponta
causas exatas do sofrimento mental dos jovens brasileiros, mas dá
a entender que certas particularidades ajudariam a explicar o
aumento das taxas de suicídio juvenil. Com base em estudos
americanos, menciona que a geração Z, formada por nascidos a
partir de 1995, está mais propensa a ter depressão por ser menos
resiliente e não saber lidar com frustrações. [...]
[...]”
Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/z-de-depressao/.
Acesso em: 22/07/2022
“Na adolescência, Caio identificou que era um homem transgênero, e sua sensação de isolamento só cresceu. Com o agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Embora os médicos tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um longo período de tempo. [...]” Essa passagem, retirada do texto 1, pode ser reescrita, semmodificação do sentido original e semdesvio em relação à norma padrão do português, da seguinte forma:
A) Na adolescência, Caio identificou que era um homem transgênero, e sua sensação de isolamento só cresceu. Em função do agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Ainda que os médicos tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um longo período de tempo. [...];
B) Caio identificou na adolescência, que era um homem transgênero, e sua sensação de isolamento só cresceu. Com o agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Ainda que os médicos tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um longo período de tempo. [...];
C) Na adolescência, Caio descobriu que era um homem transgênero, razão pela qual, sua sensação de isolamento só cresceu. Com o agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Mesmo os médicos tendo recomendado, ele nunca tratou a depressão, por um longo período de tempo. [...];
D) Caio na adolescência, identificou ser um homem transgênero, e sua sensação de isolamento só cresceu. Não obstante o agravamento do seu quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Embora os médicos tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um longo período de tempo. [...];
E) Na adolescência, Caio identificou que era um homem transgênero, o que implicou no crescimento da sua sensação de isolamento. Com o agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Embora os médicos tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um longo período de tempo. [...].
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