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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (29)


EXERCÍCIOS - Exercício 45

  • (FCC 2022)

O futuro encolheu

Nós, modernos, acordando, voltamo-nos sobretudo para o futuro. Definimo-nos pela capacidade de mudança − não pelo que somos, mas pelo que poderíamos vir a ser: projetos e potencialidades. O tempo de nossa vida é o futuro. Em nossos despertares cotidianos, podemos ter uma experiência fugaz e minoritária do presente, mas é a voz do futuro que nos acorda e nos faz sair da cama.

A questão é: qual futuro? Ele pode ser de longo prazo: desde o apelo do dever de produzir um mundo mais justo até o medo das águas que subirão por causa do efeito estufa. Ou então ele pode ser imediato: as tarefas do dia que começa, as necessidades do fim do mês, a perspectiva de um encontro poucas horas mais tarde.

Do século 17 ao começo do século 20, o tempo dominante na experiência de nossa cultura parece ter sido um futuro grandioso − projetos coletivos a longo prazo. Hoje prevalece o futuro dos afazeres imediatos. Nada de utopia, somente a agenda do dia. Afinal, aqueles futuros de outrora, gloriosos, revelaram-se como barbáries do século.

Ainda assim, o futuro encolhido de hoje parece um pouco inquietante. É que o futuro não foi inventado só para espantar a morte. O futuro nos serve também para impor disciplina ao presente. Ele é nosso árbitro moral. Esperamos dele que avalie nossos atos. Em suma: a qualidade de nossos atos de hoje depende do futuro com o qual sonhamos. Nossa conduta tenta agradar ao tribunal que nos espera. Receio que futuros muito encolhidos comandem vidas francamente mesquinhas .

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém . São Paulo: Publifolha, 2004, p. 88-89)


O título do texto − O futuro encolheu− justifica-se porque o autor considera que, na modernidade,


A) retomaram-se utopias antigas que não terão como alargar-se em nosso tempo de fortes restrições sociais.

B) forjaram-se expectativas de progresso tão altas que mesmo a realização de algumas delas nos parecerá insuficiente.

C) valorizaram-se os interesses imediatos, na convicção de que projetos majestosos não têm lugar na vida cotidiana.

D) reduziram-se os anseios gerados em outras épocas, quando as utopias grandiosas não gozavam de alto prestígio.

E) diluíram-se as experiências mais ricas e mais objetivas do cotidiano por conta da nostalgia persistente de antigos mitos.


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