PortuguêsGrafia e emprego de iniciais maiúsculas
- (FAUEL 2022)
Considere atentamente a crônica a seguir, escrita por
Rachel de Queiroz, para responder a próxima questão.
“Mais um filme italiano que conquista o coração da plateia brasileira, esse despretensioso e lírico ‘Viver em
paz’. A história da aldeia humilde, agasalhada num pico
de morro, sem eletricidade, sem progresso, sem automóveis, que só pedia aos outros o direito de continuar
vivendo na sua calma secular e na sua secular pobreza. Viver em paz: talvez seja esse o mais belo título que
possa hoje ocorrer a quem batiza uma obra de arte.
No meio da guerra, do medo e da miséria, viver em
paz. No meio da discórdia, do desentendimento e da
fraude, viver em paz. Outras idades sonharam glória,
técnica e riqueza; conforto, poder, ciência. Mas a nossa
idade apenas sonha com paz. Dentro dos apartamentos minúsculos da grande cidade, o direito de acordar
cedo, tomar sua condução, procurar o seu trabalho e
dar conta dele, e ao fim do dia voltar sossegadamente
para casa, a fim de comer e repousar: isso é paz. No
campo, plantar sua raiz de mandioca, colhê-la, transformá-la em farinha; ver nascer o cordeiro, e depois vê-
-lo crescer, curá-lo de doenças, tosquiá-lo da sua lã e
vender essa lã; possuir alguns palmos de terra a que
chame sua, e a ela escravizar-se, ou deixá-la folgar e
folgar com a terra, não lhe pedindo mais que o abrigo e
a água: e assim viver em paz. Direito de nascer, direito
de ser menino, de ficar homem, e amar e gerar filhos,
direito de morrer no meio dos filhos e netos, com os
cabelos brancos e a pele engelhada, aceitando o fim,
porque é chegada realmente a hora do fim; morrer na
obscuridade e na pobreza ― mas morrer como viveu:
em paz. Este o sonho do mundo de hoje. Dão-lhe tudo:
máquinas como nunca houve, progresso jamais sonhado, oportunidades de glória que fariam empalidecer de
inveja qualquer herói de Homero; riqueza, poder, mulheres, lutas políticas, ciência, arte, tudo está ao seu alcance, é só estender a mão. Porém os moços não pensam mais em glória nem em heroísmos; o que desejam
é fugir do sangue derramado, o que querem é dar um
princípio e um fim humanos a suas vidas mutiladas”.
(Viver em paz, por Rachel de Queiroz, com adaptações).
Com base nas normas previstas pelos Novo Acordo Ortográfico, o termo “plateia”, conforme aparece no texto, está grafado:
A) adequadamente, uma vez que não deve mais trazer acento agudo.
B) com erro ortográfico, pois deveria trazer necessariamente acento circunflexo.
C) corretamente, mas poderia alternativamente estar grafado com acento agudo.
D) de modo equivocado, o que revela que se trata de um texto antigo.
E) incorretamente, pois o uso da letra “i” tornou-se desde então desnecessário.
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