PortuguêsVariação linguística
- (Instituto Excelência 2016)
A Velha Contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia
andar de lambreta. Todo dia ela passava pela
fronteira montada na lambreta, com um bruto saco
atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo
malandro velho - começou a desconfiar da
velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta
com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou
ela parar. A velhinha parou e então o fiscal
perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora
passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás.
Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes
que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira
no odontólogo, e respondeu:
- É areia! Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não
era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da
lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou,
o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia.
Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse
em frente. Ela montou na lambreta e foi embora,
com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda.
Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no
outro com muamba, dentro daquele maldito saco.
No dia seguinte, quando ela passou na lambreta
com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez.
Perguntou o que é que ela levava no saco e ela
respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e
era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal
interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela
levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de
alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa
coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira
da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a
velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal
propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a
senhora passar. Não dou parte, não apreendo,
não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me
dizer: qual é o contrabando que a senhora está
passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? -
quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
(Stanislaw Ponte Preta. Dois amigos e um chato.
8ed. São Paulo, Moderna, 1986)
Se fosse possível transcrever a oração: “Manjo essa coisa de contrabando pra burro.”, em linguagem formal, como ela seria escrita sem alterar seu sentido?
A) “Tenho pouca experiência no seguimento de contrabando.”
B) “Tenho vasta experiência no seguimento de contrabando.”
C) “Sou muito incompetente no seguimento de contrabando.”
D) Nenhuma das alternativas.
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