PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (25)
- (CEFET-MG 2022)
A questão refere-se ao texto a seguir.
A gente é a língua que a gente fala
Às vezes a gente não se dá conta, mas o mal-estar fica ali, triangulando entre cérebro, estômago e boca: quer dizer que falamos errado? O
idioma que aprendemos no berço não passa de uma versão bastarda
de certa língua para sempre estrangeira?
Me refiro ao estrago que a brigada de guardiães da “norma curta” faz
à nossa autoestima cultural e à qualidade do ensino de português em
nossas escolas.
Para as patrulhas da norma-padrão, armadas de canetas vermelhas,
o português brasileiro é um coitado sem modos e cheio de vícios que
não consegue largar, por mais cascudos que a gente aplique em sua
cabeça dura.
Usar “a gente” no lugar de “nós”, como fiz na primeira linha da coluna e voltei a fazer na frase anterior, é um dos sinais da suposta deterioração da língua que esses puristas extemporâneos (século 21, oi!)
gostam de apontar.
Na vida real, a gente adora falar “a gente”. Sim, a gente briga, diz tanta
coisa que não quer dizer, mas “a gente” é uma coisa que a gente quase
sempre quer dizer. Porque a gente não tem cara de babaca — ou tem?
Verdade que, quando está escrevendo, a gente costuma se policiar.
Ninguém quer perder ponto na prova, caramba. Às vezes escapa um
“a gente” escrito, mas não era pra escapar. A gente sabe que no fundo
está errado, que isso de “a gente” é um troço informal, tipo uma gíria,
que não cabe na norma culta, certo?
Errado. Ou melhor, a carga de informalidade de “a gente” é obviamente maior que a de “nós”. O que não faz sentido é tentar expulsar da
norma culta tudo o que é informal, como se só coubesse nela o livresco, o empertigado, o que fica distante da fala e se mete arranhando
por ouvidos e almas.
Isso revela imensa ignorância sobre o que é uma língua e em especial
sobre o português brasileiro, dono de uma história que merece respeito.
(Sérgio Rodrigues. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/)
A passagem do texto que se assemelha ao uso da expressão “a gente”, como explicado no 4º parágrafo, é:
A) “Às vezes a gente não se dá conta, mas o mal-estar fica ali, triangulando entre cérebro, estômago e boca”
B) “Me refiro ao estrago que a brigada de guardiães da “norma curta” faz à nossa autoestima cultural”
C) “o português brasileiro é um coitado sem modos e cheio de vícios que não consegue largar”
D) “a carga de informalidade de “a gente” é obviamente maior que a de “nós”.”
E) “Isso revela imensa ignorância sobre o que é uma língua”
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