PortuguêsAcentuação gráfica: proparoxítonas paraxítonas oxítonas e hiatos
- (INSTITUTO AOCP 2020)
“O último baobá”, conheça a lenda africana
sobre o renascimento da esperança
Ninguém acreditava mais nas antigas lendas.
Os narradores que se sentavam embaixo do
baobá a desemaranhar longas histórias,
protegidos pelas estrelas, já tinham partido
quando a areia chegou.
As palavras estavam caladas.
Ninguém mais acreditava em um céu protetor.
África era um enorme lençol amarelo. A areia, grão
a grão, tinha construído um grande deserto.
Interminável. Ninguém percebeu, ou ninguém quis
se dar conta.
A desolação chegou em silêncio. Aconteceu
quando os glaciais se esvaneceram em uma
queixa interminável, quando os ursos e as baleias
se converteram em recordação, quando as águias
perderam o rumo.
O céu, cansado da torpeza da humanidade, se
refugiou em outro céu, mais distante. Fugiu. Não
podia mais proteger a terra.
O velho tinha visto as pessoas partirem, os
mais jovens em direção ao norte, os mais fracos
em direção à escuridão.
Sentiu uma nostalgia distante o invadir
lentamente. O velho narrador, embaixo do último
baobá, contou uma lenda antiga.
Nela, falava do nascimento das estrelas, da luz,
do mundo… Mas não havia ninguém mais
disposto a escutar um velho prosador. Olhou em
torno, procurando algum ouvido. África, rio
amarelo, estava rodeada de silêncio. Buscou uma
estrela perdida, no céu só havia escuridão.
O velho apoiou as costas cansadas no tronco
dolorido do baobá. Casca com casca. Pele
rachada, alma dolorida.
A árvore da vida estremeceu. O vento dava
rajadas contra a areia carbonizada. Tinha que
partir. Sabia que tudo se acabava. O último baobá
e a última voz da África iriam embora juntos. Abriu
o punho. Trêmulo, contemplou a semente diminuta
que havia guardado tanto tempo. A semente da
esperança.
Olhou a árvore. Era o momento. Não se pode
atrasar a retirada.
Separou a areia até chegar à terra. Virou a mão
e, pela linha da vida, girou a semente até encontrar
um sulco.
O baobá havia aberto a casca e do oculto
coração brotou a água milagrosa. A árvore era a
vida.
O velho voltou a fazer crescer baobás
grandiosos como gigantes que beijavam as
nuvens. Agora, sobre os escritórios, nos telhados,
sobre as avenidas e os trens; nos beirais, sobre
comércios, bancos e ministérios crescem
trepadeiras coloridas. Embaixo delas, está
escondida a destruição como uma lembrança
dolorosa.
Adaptado de https://www.revistapazes.com/o-ultimo-baobaconheca-a-lenda-africana-sobre-o-renascimento-da-esperanca/
Assinale a alternativa em que todas as palavras sejam acentuadas graficamente pelo mesmo motivo.
A) Ninguém, último, baobá.
B) Histórias, céu, ninguém.
C) Até, céu, já.
D) Interminável, silêncio, trêmulo.
E) Ninguém, baobá, até.
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