PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto
- (FCC 2019)
Darwin nos trópicos
Ao desembarcar no litoral brasileiro em 1832, na baía de Todos os Santos, o grande cientista Darwin deslumbrou-se com a natureza nos trópicos e registrou em seu diário: “Creio, depois do que vi, que as descrições gloriosas de Humboldt* são e sempre serão inigualáveis: mas mesmo ele ficou aquém da realidade”. Mas a paisagem humana, ao contrário, causou-lhe asco e perplexidade: “Hospedei-me numa casa onde um jovem escravo era diariamente xingado, surrado e perseguido de um modo que seria suficiente para quebrar o espírito do mais reles animal.”
O mais surpreendente, contudo, é que a revolta não o impediu de olhar ao redor de si com olhos capazes de ver e constatar que, não obstante a opressão a que estavam submetidos, a vitalidade e a alegria de viver dos africanos no Brasil traziam em si a chama de uma irrefreável afirmação da vida. Darwin chegou mesmo a desejar que o Brasil seguisse o exemplo da rebelião escrava do Haiti. Frustrou-se esse desejo de uma rebelião ao estilo haitiano, mas confirmou-se sua impressão: a África salva o Brasil.
*Alexander von Humboldt (1769-1859): geógrafo, naturalista e explorador prussiano.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos . São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 167/168)
No primeiro parágrafo do texto, ao se referir a Darwin, o autor ressalta
A) a discordância radical que o cientista manifesta em relação a favoráveis impressões descritivas do Brasil registradas pelo pesquisador Humboldt.
B) o fato de ter sido ele um cientista que manifestou perplexidade e preocupação diante da exploração dos recursos naturais do país.
C) a drástica oposição entre as impressões causadas ao cientista, quando diante da exuberância da natureza e da escravidão opressiva.
D) a surpresa do cientista ao reconhecer a aptidão dos escravos brasileiros para seguirem o exemplo da recente rebelião haitiana.
E) o compartilhamento que o grande cientista acusa em relação às impressões que teve Humboldt quando diante do contraste entre duas realidades do Brasil.
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