PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (10)
- (VUNESP 2019)
Carros precisam de renovação para oferecer
mais segurança aos ocupantes
Há temas que são tabu no conjunto de regulamentações
de trânsito no Brasil. Falar em renovação da frota é como
cercear o direito de ir e vir de quem não pode adquirir um
automóvel atual. A gritaria também é geral quando se fala em
restringir a circulação de veículos de carga em períodos de
grande movimento nas rodovias, como os feriados.
O problema ocorre quando os mundos se cruzam: carros
e caminhões mal conservados dividindo espaço no tráfego
congestionado. O resultado aparece em estatísticas: 103
mortos em acidentes nas estradas no período do último Carnaval. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal. Houve
queda de 31% no número de óbitos em relação a 2017, fato
que, apesar do alívio, não dá motivos para comemorações.
Caso as evoluções propostas há mais de 20 anos, época
em que o atual Código de Trânsito Brasileiro entrou em vigor,
tivessem se tornado realidade, a quantidade de vítimas seria
certamente menor.
A idade média da frota de caminhões é superior a 10
anos, segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes
Terrestres) e o Sindipeças. São veículos com milhões de quilômetros rodados e manutenção nem sempre em dia.
Carros incapazes de proteger ocupantes em colisões circulam na contramão da modernidade. Muitos donos teriam
interesse em se livrar desses veículos se lhes fossem oferecidos benefícios para adquirir um modelo mais novo, mesmo
que seja um usado em melhores condições.
Mas as propostas de renovação não seguem adiante,
sempre preteridas nos incentivos governamentais ou nos
pedidos de socorro feitos pelas montadoras em crise.
Com as novas exigências de segurança e redução de
emissões de poluentes que devem surgir com o programa
Rota 2030, é o momento de retornar ao tema, sem medo de
chamar carro velho de sucata. A legislação que virá e a retomada nas vendas precisam gerar também um ciclo de renovação mais amplo que a simples troca de um carro seminovo
por um zero-quilômetro.
(Eduardo Sodré. Folha de S.Paulo. 18.02.2018. Adaptado)
De acordo com o texto, o número expressivo de vítimas afetadas por acidentes de trânsito relaciona-se
A) à redução da punição aos infratores que possuem carros sem manutenção e com milhões de quilômetros rodados.
B) à falta de incentivo do governo à implementação do programa Rota 2030, que tem por objetivo aumentar as vendas das montadoras em crise.
C) ao tráfego intenso, devido à restrição da circulação de veículos de carga em períodos de grande movimento nas rodovias.
D) à falta de fiscalização por parte da Polícia Rodoviária Federal e ao não recolhimento dos carros com mais de dez anos de uso.
E) à má conservação de carros e caminhões que congestionam o tráfego, além da inadequação da regulamentação de trânsito vigente.
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