PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (10)
- (FCC 2018)
Atenção : Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Presente para Maria da Graça
Quando ela chegou à idade avançada de quinze anos eu lhe dei de presente o livro Alice no País das Maravilhas . Esse livro
é doido, Maria da Graça. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires algum sentido que há em toda loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande
vida, a ler esse livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucuras. A realidade, Maria, é
louca.
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem
sou eu neste mundo?" Essa indagação perplexa é o lugar-comum de toda história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa
charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta: o importante é dar ou
inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, todos vivem apostando corrida. São
competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias que, quando os corredores chegam exaustos a um ponto
costumam perguntar: “Quem ganhou?” Bobagem, Maria. Há mais sentido nas saudáveis loucuras da nossa imaginação do que na
seriedade que atribuímos a algumas bobagens que chamamos de “realidade”.
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba . São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 191-192)
Ao oferecer o livro que escolheu para presentear Maria da Graça, o narrador afirma que “esse livro é doido”,
A) desconsiderando assim qualquer utilidade do presente: uma história inteiramente desprovida de sentido.
B) imaginando que sua precoce amiga de quinze anos está habilitada a enfrentar difíceis textos teóricos.
C) justificando que as loucuras da história nele imaginadas têm a ver com as loucuras que há em nossa vida.
D) ironizando o fato de que ainda há muita gente que enxerga sabedoria na pura imaginação.
E) ponderando que no mundo real dos negócios sai-se melhor quem melhor uso faz da fantasia criativa.
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