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EXERCÍCIOS - Exercício 114

  • (UNIRIO 2012)

Texto 2

A escrava Isaura

Bernardo Guimarães

Malvina aproximou-se de manso e sem ser pressentida para junto da cantora, colocando-se por detrás dela esperou que terminasse a última copla.

-- Isaura!... disse ela pousando de leve a delicada mãozinha sobre o ombro da cantora.

-- Ah! é a senhora?! - respondeu Isaura voltando-se sobressaltada.

-- Não sabia que estava aí me escutando.

-- Pois que tem isso?.., continua a cantar... tens a voz tão bonita!... mas eu antes quisera que cantasses outra coisa; por que é que você gosta tanto dessa cantiga tão triste, que você aprendeu não sei onde?...

-- Gosto dela, porque acho-a bonita e porque... ah! não devo falar...

-- Fala, Isaura. Já não te disse que nada me deves esconder, e nada recear de mim?...

-- Porque me faz lembrar de minha mãe, que eu não conheci, coitada!... Mas se a senhora não gosta dessa cantiga, não a cantarei mais. Não gosto que a cantes, não, Isaura. Hão de pensar que és maltratada, que és uma escrava infeliz, vítima de senhores bárbaros e cruéis. Entretanto passas aqui uma vida que faria inveja a muita gente livre. Gozas da estima de teus senhores. Deram-te uma educação, como não tiveram muitas ricas e ilustres damas que eu conheço. És formosa, e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano. Bem sabes quanto minha boa sogra antes de expirar te recomendava a mim e a meu marido. Hei de respeitar sempre as recomendações daquela santa mulher, e tu bem vês, sou mais tua amiga do que tua senhora. Oh! não; não cabe em tua boca essa cantiga lastimosa, que tanto gostas de cantar. -- Não quero, -- continuou em tom de branda repreensão, -- não quero que a cantes mais, ouviste, Isaura?... se não, fecho-te o meu piano.

-- Mas, senhora, apesar de tudo isso, que sou eu mais do que uma simples escrava? Essa educação, que me deram, e essa beleza, que tanto me gabam, de que me servem?... são trastes de luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem por isso deixa de ser o que é: uma senzala.

-- Queixas-te da tua sorte, Isaura?...

-- Eu não, senhora; não tenho motivo... o que quero dizer com isto é que, apesar de todos esses dotes e vantagens, que me atribuem, sei conhecer o meu lugar.

Fonte: GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura . [1ª ed. 1875]. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro . Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000057.pdf . Acesso em ago.2012


Porque me faz lembrar de minha mãe . [Texto 2]

Considerando o verbo lembrar, utilizado no fragmento em destaque, extraído do Texto 2, a construção que, embora frequente na linguagem coloquial, contraria a norma culta da Língua Portuguesa é:




A) Ele não consegue ser responsável. Diariamente é preciso lembrá-lo de suas obrigações.

B) Essa música nos faz lembrar de um tempo em que éramos realmente felizes.

C) Embora a menina seja parecida com o pai, o jeito dela lembra muito a mãe.

D) Ontem vi a Alice, que foi sua colega de escola. Você lembra dela?

E) Nenhum deles é tem boa memória, de modo que precisamos lembrar-lhes os compromissos.


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