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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto


EXERCÍCIOS - Exercício 184

  • (FCC 2018)

Pensamento crítico de José Saramago

Brilhante provocador intelectual, consciência insatisfeita, duro polemista e detonador de conformismos, além de refinado analista e observador atento de seu tempo, o escritor português José Saramago assumiu, com visível energia a partir da década de 1990, a função crítica do homem de cultura envolvido pelo pulsar de seu tempo. Concernido pelo mundo e pela natureza do ser humano, empreendeu a tarefa de desestabilizar, mediante o questionamento, uma realidade social que julgou opaca, confusa e injusta.

Saramago destacava “a necessidade de abrir os olhos” e, como Aristóteles, apegava-se à obrigação de elevar o julgamento ao nível da maior lucidez possível. Essa busca exigente das facetas ocultas da verdade – “as verdades únicas não existem: as verdades são múltiplas, só a mentira é global”, garante – o conduziria a explorar o outro lado do visível, circulando por caminhos que escapavam ao costume. Tratava-se, em resumo, de procurar enxergar com clareza, para o que se tornava iniludível a tarefa de revelar e resgatar as omissões. Iluminar e desentranhar o real constituía uma aspiração central de seu pensamento.

Com base nesses pressupostos, enfrentou o que chamava pensamento único – ou pensamento zero , como também o qualificava – opondo-lhe a resistência de uma autêntica barricada moral e intelectual. Suas visões alternativas foram expressas com a clareza e a autonomia de um livre-pensador que reage contra as deformações dos mitos e as limitações das versões oficiais. Praticou, como o filósofo francês Voltaire, a dúvida sistemática, reagindo com firmeza à indolência da frase que diz “sábio é aquele que se contenta com o espetáculo do mundo”, defendida pelo poeta Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa .

(Comentário sem indicação autoral ao livro As palavras de Saramago . São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 453-454)


No 2° parágrafo do texto, a “necessidade de abrir os olhos”, tão valorizada por Saramago, indica que ele


A) considera insuficiente a visão já constituída das coisas, o que torna premente a busca da verdade nas facetas ocultas do real.

B) recomenda a quem queira compreender o mundo a busca da verdade das coisas nas formas sob as quais elas se apresentam.

C) aceita que a globalização da mentira se deve ao fato de que ela goza de mais prestígio em nossa época do que a busca da verdade.

D) reluta em comungar com a tese daqueles que acreditam estar a verdade das coisas mais no que elas ocultam do que no que elas mostram.

E) prefere investir mais na clareza do senso comum do que no esforço de desentranhar das coisas um significado mais complexo que nelas se oculta.


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