PortuguêsSintaxe
- (FCC 2018)
Atenção : Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.
Em um trabalho de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, defende-se a ideia de que em nossos dias há o enaltecimento de uma cultura global, a cultura-mundo, que, apoiando-se no apagamento das fronteiras, cria denominadores culturais dos quais participam sociedades e indivíduos, apesar das diferentes tradições, crenças e línguas que lhes são próprias.
Embora seja um estudo perspicaz, algumas afirmações me parecem discutíveis. Uma que se diria pouco procedente consiste em supor-se que, em vista de milhões de turistas visitarem locais como a Acrópole e os anfiteatros gregos da Sicília, a cultura não perdeu valor em nosso tempo. Mas as visitas de multidões a grandes museus e monumentos históricos não representam um interesse genuíno pela “alta cultura” (assim a chamam), visto que isso faz parte da obrigação do turista. Em vez de despertar seu interesse pelo passado e pela arte, exonera-o de conhecê-los a fundo. Essas visitas dos turistas “em busca de distrações” desnaturam o significado real desses museus e monumentos.
Um estudo recente do sociólogo Frédéric Martel mostra que tal “cultura-mundo” de que falavam Lipovetsky e Serroy já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo.
As reportagens e os testemunhos coligidos por Martel são representativos de uma realidade que a sociologia e a filosofia ainda não tinham se atrevido a reconhecer. A maioria das pessoas não consome hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada passatempo, sem parentesco com as atividades intelectuais e artísticas que constituíam a cultura. O autor vê com simpatia essa transformação, porque, graças a ela, a cultura do grande público arrebatou a vida cultural à pequena minoria, que antes a monopolizava.
A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer.
Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial. A distinção entre preço e valor se apagou. É bom o que tem sucesso; mau o que não conquista o público. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.
(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo : Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012. Edição digital)
A um segmento do texto segue-se uma nova redação, em que se mantêm a correção e a lógica, em:
A) As reportagens e os testemunhos coligidos por Martel são representativos de uma realidade // Martel levou em consideração reportagens e testemunhos inerentes à uma realidade
B) A distinção entre preço e valor se apagou // Não se observam mais a diferença entre valores e preços
C) a sociologia e a filosofia ainda não tinham se atrevido a reconhecer // a sociologia e a filosofia ainda não haviam tido a ousadia de admitir
D) Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial // À essa nova cultura não pode faltar, a produção industrial maciça e o sucesso comercial
E) já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo // já é ultrapassada, devido a defasagem arrebatada pela época atual
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