PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (29)
- (CS-UFG 2022)
Leia o Texto I a seguir para responder à questão.
Texto I
Notícias falsas: os “novos vetores”
A proliferação de notícias falsas (“fake news”) está
contribuindo tanto quanto os insetos para o retrocesso no
combate a velhas e novas epidemias. Segundo uma pesquisa
realizada este ano pelo Ibope, sob encomenda da Sociedade
Brasileira de Imunizações (SBIm), em parceria com a rede de
mobilização social Avaaz, dois terços dos brasileiros
acreditam em ao menos uma afirmação imprecisa sobre
vacinação.
Intitulado “As Fake News estão nos deixando doentes?”, o
estudo teve como objetivo investigar a associação entre a
desinformação e a queda nas coberturas vacinais verificadas
nos últimos anos. O Ibope entrevistou cerca de duas mil
pessoas acima de 16 anos, em todos os estados e no Distrito
Federal e revelou o peso da ignorância e de informações
falsas para o avanço de novas e antigas epidemias.
“Esse é de fato um fenômeno novo com o qual temos que
aprender a lidar”, constata a professora Celina Turchi. Apesar
disso, a pesquisadora da Fiocruz-PE acredita na efetividade
da divulgação constante de informações sobre as formas de
prevenção e controle das doenças infecciosas transmitidas
por vetores, como parte das estratégias de controle de
criadouros de mosquitos.
“Creio que a população, em geral, compreende mensagens
como a importância da manutenção de vasos sem água,
tampar vasilhames, colocar garrafas e pneus em posição que
não possibilite o acúmulo de água, e tenta manter esse tipo
de proteção, particularmente durante as epidemias”.
“É um fato complicado, talvez estejamos chegando próximos
ao Admirável Mundo Novo , de Aldous Huxley”, comentou a
professora Selma Jeronimo sobre as notícias falsas que têm
levado pessoas a desacreditarem a ciência e medidas como a
vacinação. No entanto, ela que é também presidente da
Sociedade Brasileira de Bioquímica (SBBq) se diz otimista e
pontua que as pessoas que não acreditam na ciência, na
verdade, são minoria. “A ciência está para ficar, nunca
tivemos tanta sobrevida para cânceres como hoje”. Jeronimo
disse que tem esperança porque há hoje, no mundo,
inteligência suficiente para identificar os problemas. “A gente
só escuta quem grita. Essa onda de ‘fake news’ é porque uma
minoria está gritando mais”.
“As fake news confundem a sociedade, prejudicando a
tomada de decisão no nível individual e mesmo no coletivo”,
diz o professor Wilson Savino. Para combater as notícias
falsas, afirma o pesquisador da Fiocruz, é preciso “um
ministério de ciência e tecnologia forte, com recursos muito
mais importantes que os atuais, que permitam avanços
importantes, de base científica e tecnológica, que serão
entregues à sociedade, visando à melhoria de vida das
pessoas”.
Além disso, a longo prazo, políticas de ciência e tecnologia
precisam estar associadas a uma educação forte nos seus
diversos níveis, com a formação de pensamento crítico, tão
importante no desenvolvimento de qualquer sociedade. “Os
custos gerados por tais políticas são mínimos comparados
aos benefícios para a sociedade”, conclui Savino.
Disponível em:<http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/wp-content/uploads/2019/12/JC_787.pdf> . Acesso em: 23 mar. 2020. (Adaptado).
O caráter inusitado da tese defendida no texto está no fato de que
A) reconhece uma porção majoritária da população como principal responsável pela falta de cumprimento de recomendações sanitárias oficiais.
B) reforça a necessidade de substituição de hábitos sanitários tradicionais por outros veiculados em redes sociais mais atualizadas.
C) atribui a uma prática de comunicação contemporânea força disseminadora de doenças equivalente aos mecanismos biológicos.
D) requer dos cientistas uma atitude mais incisiva no combate às novas epidemias com base na opinião da sociedade civil compartilhada em plataformas virtuais.
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