PortuguêsUso dos conectivos (2)
- (FCC 2022)
O futuro encolheu
Nós, modernos, acordando, voltamo-nos sobretudo para o futuro. Definimo-nos pela capacidade de mudança − não pelo que somos, mas pelo que poderíamos vir a ser: projetos e potencialidades. O tempo de nossa vida é o futuro. Em nossos despertares cotidianos, podemos ter uma experiência fugaz e minoritária do presente, mas é a voz do futuro que nos acorda e nos faz sair da cama.
A questão é: qual futuro? Ele pode ser de longo prazo: desde o apelo do dever de produzir um mundo mais justo até o medo das águas que subirão por causa do efeito estufa. Ou então ele pode ser imediato: as tarefas do dia que começa, as necessidades do fim do mês, a perspectiva de um encontro poucas horas mais tarde.
Do século 17 ao começo do século 20, o tempo dominante na experiência de nossa cultura parece ter sido um futuro grandioso − projetos coletivos a longo prazo. Hoje prevalece o futuro dos afazeres imediatos. Nada de utopia, somente a agenda do dia. Afinal, aqueles futuros de outrora, gloriosos, revelaram-se como barbáries do século.
Ainda assim, o futuro encolhido de hoje parece um pouco inquietante. É que o futuro não foi inventado só para espantar a morte. O futuro nos serve também para impor disciplina ao presente. Ele é nosso árbitro moral. Esperamos dele que avalie nossos atos. Em suma: a qualidade de nossos atos de hoje depende do futuro com o qual sonhamos. Nossa conduta tenta agradar ao tribunal que nos espera. Receio que futuros muito encolhidos comandem vidas francamente mesquinhas .
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém . São Paulo: Publifolha, 2004, p. 88-89)
É inteiramente regular o emprego do termo sublinhado na frase:
A) Os dias futuros, aos quais se reconhece o direcionamento das nossas vidas, são cada vez mais inquietantes.
B) As tarefas do cotidiano, que seu valor antigamente era tido como mesquinho, fecham hoje o sentido do nosso futuro.
C) O efeito estufa é um fenômeno à que se associa a catástrofe da subida das águas e da submersão de cidades.
D) Há, segundo o autor do texto, a necessidade de discernir o futuro sob o qual comando orientaremos nossa vida.
E) Eram coletivos os projetos de que os antigos se valiam para alimentarem as mais gloriosas utopias.
Próximo:
EXERCÍCIOS - Exercício 397
Vamos para o Anterior: Exercício 395
Tente Este: Exercício 333
Primeiro: Exercício 1
VOLTAR ao índice: Português