PortuguêsConcordância verbal concordância nominal (6)
- (FCC 2022)
Atenção : Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
[Religiões e progresso]
É conhecida a tese de que nas sociedades pré-modernas, como o medievo europeu ou as culturas ameríndias e africanas
tradicionais, a religião não tem uma existência à parte das demais esferas da vida, não é um nicho compartimentalizado de devoção e
celebração ritual demarcado no tempo e no espaço, mas está integrada à textura do cotidiano comum e permeia todas as instâncias
da existência.
A separação radical entre o profano e o sagrado – entre o mundo secular regido pela razão, de um lado, e o mundo da fé,
regido por opções e afinidades estritamente pessoais, de outro – seria um traço distintivo da moderna cultura ocidental. Mas será isso
mesmo verdade? Até que ponto o mundo moderno teria de fato banido a emoção religiosa da vida prática e confinado a esfera do
sagrado ao gueto das preces, contrições e liturgias dominantes? Ou não seria essa compartimentalização, antes, um meio de
apaziguar as antigas formas de religiosidade e ajustar contas com elas ao mesmo tempo em que se abre e se desobstrui o terreno
visando a liberação da vida prática para o culto de outros deuses e de outra fé?
Não se trata, é claro, de negar o valor desses outros deuses: a ciência, a técnica, o conforto material, a sede de acumulação de
riquezas. O equívoco está em absolutizar esses novos deuses em relação a outros valores, e esperar deles mais do que podem
oferecer. A ciência jamais decifrará o enigma de existir; a tecnologia não substitui a ética; e o aumento indefinido de renda e riqueza
não nos conduz a vidas mais livres, plenas e dignas de serem vividas, além de pôr em risco o equilíbrio mesmo da bioesfera.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 152-153)
As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na frase:
A) Às manifestações de sacralidade das sociedades pré-modernas sucederam, em nossos dias, o culto de deuses profanos.
B) O culto de valores profanos, tal como muitos sustentam, consagram-se hoje à valorização da técnica pela técnica, acima da ética.
C) Já não se revestem de uma sacralização autêntica os hábitos que nos levam a adorar os deuses profanos de nossa época.
D) Tudo o que se imaginava levar a uma vida de valores mais autênticos acabaram por se converter em práticas materialistas.
E) Os equívocos ligados ao endeusamento pragmático da vida material não faz senão crescer a desilusão quanto ao nosso futuro.
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