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PortuguêsTipologia textual e tipos de discurso: direto indireto e indireto livre.


EXERCÍCIOS - Exercício 71

  • (VUNESP 2016)

Leia o texto “Infância na praia”, de Danuza Leão, para responder à questão.

Não se pode dar corda à memória: a gente começa brincando, mas ela não faz cerimônia e vai invadindo nossas mentes e nossos corações. Para mim são, ainda e sempre, as recordações da infância na praia muito mais fortes do que eu podia imaginar.

No terreno das brincadeiras, a mais comum era o caldo: quem não se lembra do terror de levar um? Também se brincava de jogar areia nos outros, aos gritos, para horror dos adultos, e a pior de todas: se deixar ser enterrada ficando só com a cabeça de fora, e todo mundo fingir que ia embora, só de maldade, deixando você sozinha e esquecida.

No terreno mais leve, a grande proeza era mergulhar e passar por baixo das pernas abertas da prima, lembra ? Aliás, essa é uma raça em extinção: as primas. Elas eram muitas, e a convivência, intensa. Hoje, nas cidades grandes, existem poucas tias e pouquíssimas primas.

As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha, para passar o barbante. As cor-de-rosa eram as mais lindas, e, quando se encontrava um búzio, era uma verdadeira festa. As conchas acabaram; onde terão ido parar?

No final da tarde, a praia já sem sol, voltavam os barcos de pesca: as pessoas ficavam em volta comprando o peixe nosso de cada dia, que seria feito naquela mesma noite. Naquele tempo não havia nem alface nem tomate nem molho de maracujá, e para dar uma corzinha na comida se usava colorau – já ouviu falar?

Camarão só às vezes, mas, em compensação, havia cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa. Os peixes eram vendidos por lote, não custavam quase nada, e o que sobrava era distribuído ali mesmo. Mas os fregueses eram honestos, e ninguém deixava de comprar para levar algum de graça, no final das transações.

Às vezes corria um boato assustador: de que o mar estava cheio de águas-vivas, o que era um acontecimento. Água-viva é uma rodela gelatinosa que, segundo diziam, se encostasse no corpo, queimava como fogo. Ia todo mundo para a beira da água tentando ver alguma, mas ninguém entrava no mar, de medo. No dia seguinte, a areia estava cheia delas, e com uma varinha a gente ficava mexendo, sempre com muito cuidado: afinal, era uma gelatina, mas viva – uma coisa mesmo muito estranha.

Para evitar queimaduras, se usava óleo Dagele, e se alguém dissesse que anos depois uma massagem de algas, daquelas mesmas algas verdes e marrons com as quais a gente dançava dentro da água, não custaria menos de US$ 100 em Nova York ou Paris, ninguém acreditaria.

Naquele tempo não havia refrigerantes, não se tomava água gelada, e as crianças rezavam uma ave-maria antes de dormir, sendo que algumas ajoelhadas.

Não havia abajur nas mesas de cabeceira e na hora de dormir se apagava a luz do teto, com sono ou sem sono, e ficávamos com os pensamentos voando, esperando o sono chegar.

E ninguém se queixava de nada, até porque não havia do que se queixar, porque era assim e pronto.

( Folha de S.Paulo , 17.04.2005. Adaptado)


Considere a frase do sétimo parágrafo, que foi separada em trecho (1) e trecho (2): (1) Água-viva é uma rodela gelatinosa (2) que, segundo diziam, se encostasse no corpo, queimava como fogo. No trecho (1), a autora _________________ o que é água-viva. No trecho (2), ela emprega os termos see comopara expressar, respectivamente, as ideias de __________  e _____________. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.


A) descreve … condição … comparação

B) supõe … condição … tempo

C) retifica … causa … comparação

D) analisa … consequência … tempo

E) reitera … causa … conclusão


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